A Campanha da Fraternidade que a Conferência dos Bispos do Brasil promove este ano tem como tema a “Saúde Pública”. A Igreja, durante o tempo de Quaresma, se propõe estimular na sociedade um olhar especial sobre vários segmentos sociais que necessitam de uma particular atenção. Sua preocupação é a de realizar sempre mais o desejo de Cristo: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Quando se fala em estruturas da Saúde Pública, logo vem à mente lugares de dor e de sofrimento. De fato, além da doença em si, muitas vezes as pessoas mais fragilizadas devem enfrentar outro sofrimento, antes de serem atendidas na rede pública de assistência à saúde: o de filas intermináveis e o de longos períodos de espera.
O desafio, que neste ano queremos enfrentar, é que, por meio de reflexões, orações, conscientização e divulgação nos meios de comunicação, sobre os dados referentes à Saúde no Brasil e em nosso Estado, possamos colocar no centro da prática médica, da assistência sanitária, da cura, da pesquisa a da inteira realidade hospitalar o “ser humano” com a sua dignidade.
A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, aprovada pelo Ministério da Saúde, em 2009, reza: “Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos”. Portanto, se se almeja que as estruturas sanitárias se tornem lugares onde se sabe reconhecer, respeitar, defender e exaltar a dignidade da pessoa doente, também e, sobretudo, deve-se olhar a que se encontra em situações graves e humilhantes. Tudo isso não somente em nível teórico, mas prático, através de um tratamento humano concreto e pontual.
Para isso precisamos reafirmar que quando se pensa em Saúde não se pode raciocinar somente em termos de mecanismos de mercado; em relação a ela o critério econômico não pode ser discriminante e decisivo. O Beato João Paulo II já afirmava: “Não se pode tolerar que a as limitações dos recursos econômicos prejudiquem, de fato, as faixas mais pobres da população, privando-as das curas sanitárias necessárias, como é inadmissível que tais limitações levem a excluir das curas sanitárias situações de particular fragilidade e fraqueza, como, por exemplo, a vida nascente, a velhice, as doenças terminais”.
Dom José Negri PIME