Os registros da Igreja revelam que na diocese de Jerusalém houve um bispo que foi eleito com quase cem anos de idade. E que ele teria morrido com mais de cento e dezesseis anos. Um fato raro na história da Igreja Católica.
Conta-se que Narciso, não era judeu e teria nascido no ano 96. A lembrança que se guardou dele é a de um homem austero, penitente, humilde, simples e puro. Também que, desde a infância, tem demonstrado apego à religião, esperou a idade necessária para tornar-se sacerdote.
Executou um trabalho tão admirável, amando os pobres e doentes, que a população logo o quis para conduzir a paróquia de São Tiago. Como bispo, a idade não pesou, governou com firmeza em um longo período marcado por atuações importantes e vários milagres. Presidiu o Concilio em que se decidiu que a Páscoa devia cair no domingo. Diz que foi também na véspera de uma festa de Páscoa que Narciso transformou água em azeite para acender as lamparinas da igreja que estavam secas.
Um fato marcou tragicamente a vida de Narciso. Ele foi caluniado, sob juramento, por três homens.
Um deles disse: “Que eu seja queimado vivo se estiver mentindo!”
Outro disse: “Que a lepra me devore se eu não estiver falando a verdade!”;
Já o terceiro: “Que eu fique cego se não for verdade o que digo!”.
Embora perdoasse seus detratores, o inocente bispo preferiu retirar-se para o isolamento e em oração num deserto. Mas não tardou para que os caluniadores recebessem seu castigo. Um morreu carbonizado num incêndio, no qual pereceu também toda sua família. O outro ficou leproso e o terceiro chorou tanto em público, arrependido do crime cometido, que ficou cego.
O bispo Narciso não foi encontrado para reassumir seu cargo e todos pensaram que tivesse morrido. Assim, outro bispo tomou posse em seu lugar, depois outro e mais outro. Anos depois, Narciso retornou a Jerusalém. O povo o acolheu com aclamação e reassumiu com glória as suas funções.
A última notícia que temos desse bispo de Jerusalém está numa carta escrita por santo Alexandre, na qual cita que o longevo bispo Narciso tinha completado cento e dezesseis anos, e, como ele, exortava para que a concórdia fosse mantida.
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São Caetano Errico
1791-1860
Fundou a congregação:
Missionários dos Sagrados Corações
A cidade de Secondigliano, grande e populosa, do norte de Nápoles, Itália, é mais conhecida como uma região de mafiosos do que de santos.
Os problemas dos seus habitantes são inúmeros, entre os quais estão as facções da máfia, a corrupção social e política que, somados, desestruturam o sistema de serviços e a consciência, propiciando a formação de gangues de todos os tipos de tráficos. Mas nela encontra-se também boas obras, como a de padre Caetano Errico, que fundou, em 1833, a Congregação dos “Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria”.
A estátua de padre Caetano está bem visível a qualquer ângulo da cidade. Com a mão direita, ele abençoa; com a esquerda, empunha o crucifixo. A sua figura é imponente, não apenas pela beleza plástica da escultura. Ele era, realmente, um homem grande, alto e bem forte, um gigante na santidade e na figura humana.
No ano 1791, a cidade era pequena, uma planície com ar puro e úmido no final da tarde, chamada de Casale Régio da Cidade de Nápoles. Nesse ano Caetano Errico nasceu, no dia 19 de outubro, o segundo dos nove filhos de Pasqual, modesto fabricante de macarrão, e de Maria.
Quando demonstrou vocação para a vida religiosa, logo obteve apoio da família. Aos dezesseis anos, ingressou no seminário e, em 1815, recebeu a ordenação sacerdotal.
Desde então, seu apostolado foi todo feito na igreja paroquial de São Cosme e São Damião, da sua cidade natal.
Em 1818, durante a pregação, teve inspiração divina para fundar uma congregação religiosa. Iniciou, imediatamente, pela construção de uma igreja dedicada a Nossa Senhora das Dores. Entre inúmeras dificuldades, a igreja foi erguida e abençoada doze anos depois, em 1830. Mas teve que aguardar outros cinco anos para adquirir uma imagem de madeira de Nossa Senhora das Dores e colocá-la no altar, onde permanece até hoje.
Além do trabalho pastoral da igreja, agora Caetano se ocupava com a construção da Casa para abrigar a nova congregação de padres. Decidiu que seria dedicada em honra dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. E nela empenhou toda a sua vida, que durou sessenta e nove anos de idade.
Morreu em 29 de outubro de 1860.
Padre Caetano Errico foi homem de oração, de penitência, dedicava muito tempo ao atendimento das confissões e auxiliava materialmente, com suas obras, os marginalizados e pobres de toda a cidade e redondeza.
Hoje, essa herança é distribuída através dos padres Missionários dos Sagrados Corações. Mas a memória e veneração ao padre Caetano está muito presente e ainda é muito forte na população.
O culto e as graças atribuídas à sua santidade começaram quando ele ainda estava no seu leito de morte. Tanto que no interior da Casa-mãe da Congregação foi preciso instalar um museu para abrigar as doações dos elementos testemunhais dos devotos, que lembram as graças alcançadas.
E é impressionante como o povo não permite que a imagem do fundador seja retirada do altar, onde foi colocada, para a sua simples apresentação, quando chegou. Era para ficar no museu, mas todos a querem ver ali, ao lado de Nossa Senhora das Dores.
O papa João Paulo II proclamou bem-aventurado Caetano Errico em 2002, e designou o dia de sua morte para a homenagem litúrgica.
Foi canonizado na Praça de São Pedro pelo Papa Bento XVI no dia 12 de outubro de 2008.
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