Com uma oração inter-religiosa entre comunidades cristãs, muçulmanas e tradicionais, os moradores da capital de Casamance se uniram neste domingo para pedir a pacificação da região.
Há 30 anos, existe um conflito entre a rebelião independentista do Movimento das Forças Democráticas de Casamance (Mfdc) e o governo de Dacar. A região pertence ao Senegal e os violentos confrontos com o exército causam constantemente vítimas.
Casamance foi sujeita a interesses coloniais franceses e portugueses antes de ser definido um confim, negociado em 1888 entre a colônia francesa do Senegal e a Guiné portuguesa (hoje Guiné-Bissau) ao sul.
Na Catedral de Santo Antonio de Pádua, em Zinguinchor, a primeira missa do Ano Novo foi celebrada pelo arcebispo de Dacar, Cardeal Theodore Adrien Sarr, que lançou uma mensagem forte: “Fogueira não se apaga com fogo”.
Na homilia, o Cardeal criticou a negligência e a má-fé de alguns responsáveis pela gestão da crise e denunciou a avidez daqueles que querem enriquecer às custas da guerra e do preço pago pela população”. Em seu pronunciamento, o arcebispo se dirigiu seja aos rebeldes como ao governo, mas também aos países confinantes, Gâmbia e Guiné-Bissau: “A solução militar já demonstrou seus limites claramente” – disse, convidando as facções ainda armadas a “cultivar a convicção de que a solução para suas reivindicações não está na guerra”.
No final da celebração, as pessoas participaram de uma procissão silenciosa da Catedral até a Praça João Paulo II, onde autoridades civis, lideranças tradicionais, governantes locais e simples cidadãos lançaram uma série de apelos.
Enfim, a prece conjunta se encerrou com três vôos de pombas, simbolizando os três votos de paz das principais comunidades religiosas.
Rádio Vaticano, 02 de janeiro de 2012