CIDADE DO VATICANO, domingo, 6 de novembro de 2011 (ZENIT.org)
Apresentamos, a seguir, as palavras que o Papa Bento XVI pronunciou antes da oração do Ângelus, durante a solenidade de Todos os Santos, dirigindo-se aos peregrinos e fiéis reunidos na Praça de São Pedro.
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Queridos irmãos e irmãs:
A solenidade de Todos os Santos é uma ocasião propícia para elevar o olhar das realidades terrenas, marcadas pelo tempo, à dimensão de Deus, à dimensão da eternidade e da santidade. A liturgia nos recorda hoje que a santidade é a vocação original de todo batizado (cf. Lumen gentium, 40). Cristo, de fato, que, com o Pai e o Espírito Santo, é o único Santo (cf. Ap 15,4), amou a Igreja como sua esposa e doou-se a ela, com o fim de santificá-la (cf. Ef 5,25-26). Por esta razão, todos os membros do Povo de Deus estão chamados a converter-se em santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo: “Esta é, de fato, a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4,3). Estamos chamados a considerar a Igreja não só em seu aspecto temporal e humano, marcado pela fragilidade, mas como Cristo a quis, isto é, “a comunhão dos santos” (Catecismo da Igreja Católica, 946). No Credo, professamos que a Igreja é “santa” – santa porque é o Corpo de Cristo, é instrumento de participação nos Santos Mistérios – em primeiro lugar a Eucaristia – e família dos Santos, a cuja proteção somos confiados no dia do Batismo.
Hoje, veneramos esta inumerável comunidade de Todos os Santos, que, por meio dos seus diversos itinerários de vida, nos indicam diferentes caminhos de santidade, reunidos sob um denominador comum: seguir Cristo e conformar-se com Ele até o final dos nossos assuntos humanos. Todos os estados de vida, de fato, podem se tornar, com a ação da graça e com o compromisso e a perseverança de cada um, em vias de santificação.
A comemoração dos fiéis defuntos, a qual se dedicará o dia de amanhã, 2 de novembro, nos ajuda a recordar os nossos entes queridos que nos deixaram e todas as almas em caminho rumo à plenitude da vida, no horizonte da Igreja celeste, aonde a solenidade de hoje nos elevou. Desde os primeiros tempos da fé cristã, a Igreja terrena, reconhecendo a comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, cultivou com grande piedade a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios por eles. A nossa oração pelos mortos é, portanto, não somente útil, mas também necessária, já que esta não só pode ajudá-los, mas, ao mesmo tempo, torna eficaz sua intercessão em nosso favor (cf. Catecismo da Igreja Católica, 958). Também a visita aos cemitérios, ao mesmo tempo que custodia os laços de afeto com quem nos amou durante a nossa vida, nos recorda que todos caminhamos rumo a outra vida, além da morte. Que o pranto, devido à distância terrena, não prevaleça sobre a certeza da ressurreição, sobre a esperança de alcançar a beatitude da eternidade, “momento supremo de santificação, no qual a totalidade nos abraça e nós nos abraçamos à totalidade” (Spe salvi, 12). O objeto da nossa esperança é desfrutar da presença de Deus na eternidade, o que Jesus prometeu aos seus discípulos, dizendo: “Eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16,22).
A Nossa Senhora, Rainha de todos os santos, confiamos a nossa peregrinação rumo à pátria celeste, enquanto invocamos para os irmãos e irmãs defuntos sua intercessão maternal.
[Tradução: Aline Banchieri. ©Libreria Editrice Vaticana]