Cidade do Vaticano (RV) – O trecho escolhido do Evangelho de Lucas para este domingo nos fala da identidade de Jesus. Nele temos Pedro diante da pergunta do Senhor: “Quem diz o povo que eu sou?”, respondendo: “O Cristo de Deus”.
Imediatamente a essa resposta, o Senhor proíbe seus discípulos de tornarem pública sua identidade.
Perguntamo-nos qual o motivo desse segredo e em seguida lemos Jesus falando de sua paixão, morte e ressurreição. Ora, Jesus receia que o anúncio de que ele é o Cristo de Deus, reforce na mente dos judeus a missão messiânica da restauração política de Israel, mas essa não é sua missão. Jesus revela a seus amigos que ele irá sofrer e chegará à morte, mas ressuscitará. Mais ainda, diz que quem quiser acompanhá-lo deverá, a seu exemplo, entregar sua vida até à morte.
O Senhor faz conhecer a seus discípulos o verdadeiro significado de ser messias. Não é uma tarefa triunfante, mas sim, árdua, penosa, que exige profunda conversão de interesses e obediência ao Pai. É um sair de si, um voltar-se totalmente para o outro no serviço do Pai.
Também nós, que nos colocamos ao serviço do Evangelho, seja como sacerdotes, seja como catequistas, seja apenas como uma presença cristã em meio a uma sociedade paganizada, deveremos nos conscientizar de que precisamos sair de nós mesmos e aceitar a cruz de cada dia. Somente assim seguiremos o Senhor em sua missão, agora nossa, recebida no dia de nosso batismo e confirmada no dia em que fomos crismados.
Sair de si, sair de nós mesmos significa renunciar ao controle de nossa própria vida e nos abrirmos ao futuro, à ação de Deus; sempre confiando na graça de Sua força e proteção para não cedermos à tentação, mas fortalecidos por ela, atravessar os sofrimentos e chegar à ressurreição.
(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XII Domingo do Tempo Comum)