Pe. João Bachmann
Pároco/Cura da Paróquia Catedral São Paulo Apóstolo
Festejamos nossos padres nesse dia 4 de agosto. Bem sabemos que o sacerdócio não é uma honra, mas um chamado para a missão, para a evangelização “em nome de Deus e a favor do povo”. Reflitamos sobre o que é mesmo ser padre.
1 – Ser padre é antes de tudo ser humano. Tirados dentre os homens (Hb 5,1); rodeados de fraquezas (Hb 5,2); homens do mundo (Jo 17,6). Assim são os padres. A ordenação não imuniza a pessoa do ministro das fraquezas humanas, erros e pecados (Cic 1550). Sabemos também que essa fraqueza não invalida a celebração e nem impede fruto da graça. A indignidade do ministro não impede Cristo de agir, embora melhor seja a santidade de vida para o ministério sacerdotal. O homem moderno acredita mais nas testemunhas do que nos mestres.
O Vaticano 2º prescreve seis qualidades humanas para o padre: bondade de coração, sinceridade, coragem, constância, cultivo da justiça e delicadeza. As atitudes dissonantes com estas virtudes e que desumanizam os ministros são: agressividade, inferioridade, medo, exibicionismo, dependência afetiva, gratificação sexual, dominação. Quanto mais o padre é humanamente polido, melhor irá evangelizar, pois a “graça supõe a natureza”. Enquanto pessoa humana, o padre precisa de amizade, compreensão, perdão, colaboração das pessoas. Nada melhor para o padre do que a boa convivência com seus colegas, seu bispo, sua comunidade. A felicidade do sacerdócio é reflexo da felicidade pessoal. Um padre humano, alegre, feliz é propaganda de Deus e de vocações.
2 – Ser padre é ser cristão. A vocação mais importante é a santidade. Decorre daí que o padre é, antes de tudo, discípulo do Evangelho, um cristão com igual dignidade à dos demais cristãos. Para ser ordenado, o padre deve ser sobremaneira evangelizado. Nada melhor para a Igreja do que a santidade do padre. Pelo batismo o padre, com os demais fiéis, é filho de Deus, no seguimento de Jesus, vivendo no Espírito, como homem de Deus, pessoa de fé e oração.
O padre é um homem cheio de graça que fala com Deus para falar de Deus. Sua vida é um ciclo de sacrifício e alegria. Como o povo tem direito a bons médicos, bons professores, tem direito a ter bons padres.
3 – Ser padre é ser consagrado. O sacerdote é ordenado para colaborar na ordenação do mundo, é representante de Jesus, o bom pastor, é pontífice, ou seja, ponte entre Deus e a humanidade, é mestre da fé e testemunha da verdade. Nosso povo fica comovido vendo o padre rezar e ao mesmo tempo se dedicar aos pobres, à libertação das injustiças como profeta do reino, servidor de todos. “Vistam-se os sacerdotes de justiça” (Sl 132,9). O padre preside a eucaristia para dar vida. Cabe-lhe ajudar a carregar o fardo do povo.
O ministério sacerdotal é sustentado pela misericórdia de Deus para animar o sacerdócio do povo. É uma vida que se harmoniza com grandes responsabilidades e grandes alegrias. Todo o padre está a serviço da nova humanidade em Cristo. Desenvolve no mundo a economia da doação de si e da solidariedade. “O oficio eclesiástico não sirva para fins de lucro” (PO 17). Quanto mais configurado a Cristo, mais o padre convence; e a sua vida é um reservatório de alegria. Dom e ministério é o sacerdócio: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” JIr 3,15). Sim, o padre vem do coração de Deus para estar no coração do mundo, como presença do amor de Deus. Ser padre é ser parteiro da nova vida em Cristo, administrador dos mistérios de Deus. Parabéns e gratidão aos nossos padres.
Fonte: Site da Catedral de Blumenau: www.catedraldeblumenau.org.br