Quinta-feira, 14 de Julho do ano da Graça de 2011
“Adormeço na esperança de sonhar com um novo amanhecer de luz sem par!”
Maestro José Acácio Santana (+11.07.2011)
Valeu teres nascido de pais cristãos. Lá daquela colina, onde sem querer, vias nossa bela matriz rodeada de verde, ouvias o bimbalhar dos sinos e com presteza teus pais e irmãos acorriam para as solenidades litúrgicas.
Valeu teres deixado envolver pela fé e te embeber pelos hinos litúrgicos proclamados em polifonia de louvor á nosso Deus.
Já então, em tua alma, saltitavam os primeiros acordes da escala musical e com eles, confusas rimas começavam a despertar de teus lábios, herança do repentista pai Alexandre…
Valeu teu pedido, naquele longínquo dia de um mil, novecentos e cinqüenta e seis, se não me falha a memória, em que me solicitavas escrever uma letra pois querias virar compositor. Foi quando surgiu a canção de “Boa Parada”.
Desde então, não paraste mais de escrever e compor com tanta beleza e espontaneidade, que às vezes tinha a impressão, que eras melhor poeta que compositor. Na verdade, letra e música se harmonizavam perfeitamente. No entanto, o livro que escreveste de poemas que não musicaste, confirma minhas impressões.
Não é o momento, nem tenho em mãos catalogadas todas as tuas obras que são milhares. Apesar de vivermos sempre distantes, os teus cânticos litúrgicos eram cantados pela Bahia e Mato Grosso do Sul, onde trabalhei. Até mesmo, na liturgia das horas, os padres cantam teus belos hinos por todo o Brasil.
Valeu teu amor a Igreja, a poesia, a música sacra e profana… Proclamaste bem alto e semeaste bem longe os dons que recebeste de Deus… Com tuas obras, te tornaste o filho mais ilustre de São Pedro de Alcântara e o Sebastian Bach da Igreja do Brasil.
Teus hinos e canções hão de ecoar através dos séculos, nas nossas Igrejas; especialmente, as canções de natal que só em ouvi-las fazem-nos chorar de emoção.
Como não sabia da gravidade de teu estado de saúde, no dia cinco deste mês, do corrente ano, estive no hospital para uma visita e não pude entrar. Levei naquele dia uma poesia intimista, pensando que talvez pudesses compô-la. Ela tem como título “Apoteose no Céu”, que significa divinização ou uma visão da glória que te ofereço como despedida.
Apoteose no céu
Adorarei à Santíssima Trindade
Causa de minha fé
Abraçarei a querida Mãe de Deus
Num grande gesto de amor
Ouvirei: Vinde bendito de meu Pai
Gozar da glória eterna! …
E exclamarei:
Anjos e Santos
Poetas e Músicos
Parentes e Amigos
Que se encontram na glória:
Venham cantar comigo
O cântico da vitória!…
Amigo, valeu tua passagem por este mundo!
São Pedro de Alcântara, 12/07/11
Pe. Valdir Staehelin
Fonte: Site da Arquidiocese de Florianópolis: http://migre.me/5g7j0