Ainda tratando sobre a prevenção, como dizia em outros escritos, é preciso um exercício contínuo para lidar com a questão das drogas dentro da sociedade. Participando dela, temos como identificar as suas falhas, e se nos empenharmos em conhecer, nos inteirarmos da problemática, teremos mais condições de atuar devidamente reconhecendo as nossas próprias condições.
A Pastoral da Sobriedade apresenta um programa de Vida Nova nos Grupos de Auto-Ajuda que trata de informar, de refletir onde queremos chegar, através da dinamização dos doze passos. Estes encontros semanais propõem um aprofundamento à nossa caminhada de sobriedade para que possamos enfrentar com maior confiança, abrindo espaço a um recomeçar sem desânimo, aprendendo com as nossas próprias dificuldades.
O principal instrumento para estabelecer esses encontros é a prática da oração. Diferentemente de outros grupos que trabalham os dozes passos da sobriedade, o Grupo de Auto-Ajuda se fundamenta pela leitura, reflexão e interpretação de textos bíblicos. Como já havia comentado anteriormente, a grande maioria daqueles que nos procuram trazendo em sua bagagem o sofrimento da drogadição, não traz consigo a prática da religião. Menos ainda: sequer tem o hábito da oração. Para a maioria, esse processo se resume em pedidos de socorro, quando o caos se estabelece em suas vidas.
Foto: Pe. Raul Kestring
Nesse sentido a Pastoral da Sobriedade nos convida a fazer esse investimento, possibilitando-nos uma condição de conforto, de alento. Nestes encontros a oração vem significar a reparação de erros e o merecimento do perdão. Na vivência dos passos, não encontramos ali apenas as respostas para o dia-a-dia, mas aprendemos a criar uma intimidade maior com Deus, e nesse movimento de esvaziar-se das dores e encher-se de esperança vamos constituindo a nossa fé.
A proposta da oração é uma opção de entrega pessoal. Ela é renovação, é recriação, é a fonte maior de desafio, pois quando dela se bebe, entende-se a razão da sua completude. A oração passa a fazer parte da nossa vida, criando essa relação dialógica com o Pai. Assim, a divindade pode ser alcançada por todos nós. Contudo, para que não fique apenas no “Ah! Como eu desejaria que isto acontecesse comigo!”, é necessário que estejamos realmente abertos a essa conversa íntima com o nosso criador.
Para esse acontecimento ter uma continuidade em nossas vidas é preciso que estejamos abertos também à sinceridade, à serenidade, ao compromisso diário, ao valor dessa conversa. O que temos feito para tornar essa conversa qualitativa? Será realmente necessário passar três horas, ajoelhados? Ou mostrar a alguém que rezamos? Será que realmente não precisamos nos remeter aos antigos calendários onde se tinham pessoas ajoelhadas aos pés da cama, sozinhos, num quarto, algumas vezes partilhando essa conversa com o próprio filho, ou esposo? Já dizia um velho sábio, “Quem não reza, vira bicho”.
Você já cumprimentou a Deus hoje? Como você o fez? Olhando para o dia? Olhando para o seu próximo? Olhando para dentro de si? Qual a sua medida para falar com Deus? Saiba que Ele lhe conhece mais do você mesmo, então não faz sentido criar atalhos. Portanto comece agora, comece tirando a máscara da dificuldade, depois tire a máscara da preguiça e logo depois tire a máscara das palavras bonitas. Deus quer de nós simplicidade, fidelidade e humildade.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau