Durante todo o mês de maio nossas comunidades católicas do mundo inteiro cantam a “Ladainha de Nossa Senhora”. Entre os títulos com os quais a Virgem Maria é invocada está aquele de “Mãe Imaculada”. Nesta invocação está presente a singularidade da maternidade da Maria: sua total ligação e dependência do mistério de Cristo. O já Beato João Paulo II, quando governava reinante na Cátedra de Pedro escrevera: “Só no mistério de Cristo se esclarece plenamente seu mistério (de Maria). Foi assim, de resto, que a Igreja, desde o princípio, procurou fazer sua leitura: o mistério da Encarnação permitiu-lhe entender e esclarecer cada vez melhor o mistério da Mãe do Verbo Encarnado” (Redemptoris Mater, n. 4).
O Autor Sagrado, no livro do Gênesis, havia prefigurado a ligação intrínseca entre a salvação do gênero humano e a maternidade da Imaculada, mostrando a vitória desta em contraposição à vergonhosa derrota de Eva, “mãe dos viventes”. Diz o texto sagrado em Gn 3, 15: “Ela te esmagarás à cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. Sendo a Virgem Maria, desde sempre, Mãe Imaculada, teologicamente, a tradução mais coerente é aquela apresentada por S. Luiz Maria G. de Montfort: “Ela (Maria e sua descendência, isto é, o Cristo total: Cabeça e membros, que constituem a única Igreja) te esmagará a cabeça, e tu armarás ciladas ao seu calcanhar” (Tratado da Verdadeira Devoção, n. 51). Note-se bem: uma coisa é ferir o calcanhar, outra, bem diferente, é “armar ciladas”.
S. Luiz de Montfort – que não era um piedoso ingênuo, como alguns pensam, mas um teólogo muito bem preparado – sabia que a Mãe de Deus jamais poderia ser ferida com qualquer mancha ou gota do veneno da Antiga serpente. O demônio pode até lançar sua fumaça maldita no Santuário de Deus, como vez por outra vemos acontecer, mas a Mãe Imaculada é intacta e, por causa de Cristo e da sua íntima união com ele, Satanás não ousou aproximar-se para tentá-la. Se o próprio Cristo foi tentado deve-se ao fato de ser necessário redimir o homem em todas as suas debilidades. Como dizem os Santos Padres “foi tentado para nos ensinar a vencer as tentações”. Mas Maria foi “salva” por privilégio e graça singular não podendo passar pelas tentações, uma vez que o Pai a preservou desde o exato momento de sua concepção. Aquilo que os Santos, remidos pelo sangue do Cordeiro, recebem na Glória, Maria recebeu desde a sua geração: a impossibilidade do contágio do mal.
Esta é a Mãe do Redentor, esta é a Mãe da humanidade. Em tempos difíceis para a Igreja, o modelo e a intercessão da Mãe Imaculada devem ser uma constante em nossa vida. Depois de Jesus, só ela pode nos ensinar o caminho certo, seguro e decidido para esmagar a cabeça de Satã seja qual for a sua veste nestes dias. O filme “o Ritual” mostra que ele não está parado, e a história da Igreja comprova suas infernais investidas. Mãe Imaculada, Rogai por nós!