Posted on 20-03-2011
Neste sábado celebramos a solenidade litúrgica daquele que é invocado como esposo da Bem-aventurada Virgem Maria e Padroeiro da Igreja Universal. O Papa Leão XIII, em 15 de agosto de 1889, publicou a Encíclica Quamquam pluries, através da qual recordava o valor da devoção e, consequentemente, incentivava o culto de veneração ao glorioso São José. Diz-nos o Papa:
“Recomendamos, além disso, aos fiéis daquelas nações nas quais o dia 19 de março, consagrado a São José, não esteja incluído entre as festas de preceito, que não deixem por quanto possível, de santificá-lo ao menos em particular, em honra do celeste Patrono, como um dia festivo”.
Nossa celebração anual, neste mês em que a piedade popular chama de mês de São José, já que são tantas as catedrais, inúmeras as paróquias e quase incalculáveis as capelas a ele dedicadas, muitos devotos prestam o culto de veneração àquele que é cognominado “justo”.
Diz o Papa Leão XIII: “vimos um grande progresso no culto a São José, anteriormente promovido pelo zelo dos Sumos Pontífices, depois estendido a todo o mundo, especialmente quando Pio IX, nosso predecessor de feliz memória, a pedido de muitíssimos bispos, declarou o Santo Patriarca, Patrono da Igreja Católica. Todavia, por ser muito importante que o seu culto penetre profundamente nas instituições católicas e nos costumes, queremos que o povo cristão receba da nossa própria voz e autoridade todo o incentivo possível. As razões pelas quais São José deve ser tido como Patrono da Igreja – e a Igreja por sua vez espera muitíssimo da sua especial proteção – residem, sobretudo, no fato de que ele é esposo de Maria e pai putativo de Jesus Cristo. Daqui derivam toda a sua grandeza, graça, santidade e glória…” “Foi ele, de fato, que guardou com sumo amor e contínua vigilância a sua esposa e o Filho divino; foi ele que proveu o seu sustento com o trabalho; ele que os afastou do perigo a que os expunha o ódio de um rei, levando-o a salvo para fora da pátria, e nos desconfortos das viagens e nas dificuldades do exílio foi de Jesus e Maria companheiro inseparável, socorro e conforto”.
A missão de São José não se encerra, contudo, com a sua vida terrena, porque a sua autoridade de pai, pela vontade de Deus, estendeu-se, de modo peculiar, sobre toda a Igreja: “a Sagrada Família, que José governou com autoridade de pai, era o berço da Igreja nascente. A Virgem Santíssima, de fato, enquanto Mãe de Jesus, é também mãe de todos os cristãos por ela gerados em meio às dores do Redentor no Calvário. E Jesus é, de alguma maneira, como o primogênito dos cristãos que, por adoção e pela redenção, são seus irmãos. Disso deriva que São José considera como confiada a Ele próprio a multidão dos cristãos que formam a Igreja, ou seja, a inumerável família dispersa pelo mundo, sobre a qual Ele, como esposo de Maria e pai putativo de Jesus, tem uma autoridade semelhante à de um pai. É, portanto, justo e digno de São José que, assim como ele guardou no seu tempo a Família de Nazaré, também agora guarde e defenda com seu patrocínio a Igreja de Cristo”.
Ainda o Sumo Pontífice exorta a todos os cristãos, na fidelidade ao dever de estado, para que o tenham como modelo e protetor:
“Nele, os pais de família encontram o mais alto exemplo de paterna vigilância e providência; os cônjuges, o exemplo mais perfeito de amor, concórdia e fidelidade conjugal; os consagrados a Deus, o modelo e protetor da castidade virginal”.
Uma das versões do popular Hino a São José é a vocacional: “São José, mandai vocações, padres pedem as multidões!” Isso nos motiva a viver também nesse dia um dia vocacional muito especial.
São José é o padroeiro do nosso Seminário Arquidiocesano. O Seminário Arquidiocesano de São José, cuja festa dos 270 anos celebramos recentemente, foi fundado aos 5 de setembro de 1739 por Dom Frei Antonio Guadalupe, e tem a responsabilidade de proporcionar a formação humana, pastoral, comunitária, espiritual e acadêmica, incluindo os cursos de Filosofia e Teologia a jovens em regime de internato, para se prepararem devidamente ao ministério sacerdotal.
Nesse dia festivo, o Seminário São José oferece à Igreja do Rio de Janeiro nove jovens seminaristas que se apresentam para a ordenação diaconal, o primeiro grau do sacramento da Ordem. Nós nos alegramos e convidamos a todos para esse momento importante para nossa Igreja, que acontecerá às 8h30 deste sábado, dia 19 de março, na Catedral de São Sebastião.
Os ordinandos escolheram como lema “Eis o servo fiel e prudente” (cf. Mt 24, 45). A passagem bíblica escolhida pelos seminaristas como lema da ordenação tem, sem dúvida, relação direta com a data, a vida e a festa de São José. Esposo devoto de Maria e pai adotivo do Redentor, São José é um servo fiel e prudente. E assim, os futuros diáconos também querem ser no serviço ao povo de Deus.
Que São José, homem justo, que foi escolhido para ser esposo da Mãe de Deus, servo fiel e prudente, constituído chefe da vossa família, para guardar com paternal solicitude o vosso Filho unigênito, Jesus Cristo, Nosso Senhor, interceda sempre por nós junto a Ele, e interceda de modo especial pelo Nosso Santo Padre Bento XVI, que o tem como padroeiro onomástico (Joseph) e interceda, também, pela Igreja de São Sebastião, que, à sombra das virtudes do homem justo, São José, acolha os novos ministros ordenados como diáconos. Eles, depois de um tempo de experiência diaconal, destinam-se a ser ordenados ao ministério presbiteral. Pedimos a Deus para que sejam o bom odor da santidade de Cristo na vida de nossa Igreja e na santificação de nosso povo fiel.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ