Leituras Bíblicas
“Senhor, a quém iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!
Dia 24 de outubro de 2010
30º Domingo do Tempo Comum – Ano C
A Igreja celebra hoje: Santo Antônio Maria Claret (1807-1870) – Leia sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=24&Mes=10
Livro de Eclesiástico 35,12-14.16-18:
Pois o Senhor é um juiz, e não faz distinção de pessoas.
O Senhor não fará acepção de pessoas em detrimento do pobre, e ouvirá a oração do oprimido.
Não desprezará a oração do órfão, nem os gemidos da viúva.
Aquele que adora a Deus com alegria será bem recebido, e a sua oração chegará até às nuvens.
A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus.
Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade.
Livro de Salmos 34(33),2-3.17-18.19.23:
Em todo o tempo, bendirei o Senhor; o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
A minha alma gloria-se no Senhor! Que os humildes saibam e se alegrem.
A ira do Senhor volta-se contra os malfeitores, para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor atendeu-os e livrou-os das suas angústias.
O Senhor está perto dos corações contritos e salva os espíritos abatidos.
O Senhor resgata a vida dos seus servos; os que nele confiam não serão condenados.
2ª Carta a Timóteo 4,6-8.16-18:
Quanto a mim, já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da minha libertação.
Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel.
A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz, e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda.
Na minha primeira defesa, ninguém esteve ao meu lado. Todos me abandonaram. Que não lhes seja levado em conta.
O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o escutassem. Assim fui arrebatado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal e me levará a salvo para o seu Reino celeste. A Ele, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém!
Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14:
Disse também a seguinte parábola, a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais:
«Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: ‘Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.’
O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.’
Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por
S. João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja
Homilias sobre a Conversão, 2 (a partir da trad. da col. Pères dans la Foi, 8, DDB 1978, p. 46)
«Tem piedade de mim, que sou pecador»
Um fariseu e um publicano subiram até ao Templo para a oração. O fariseu começou por enunciar as suas qualidades, e proclamava: «Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos.» Miserável, que te atreves a julgar toda a terra! Porque espezinhas o teu próximo? E ainda sentes necessidade de condenar este publicano! […] A terra não te foi suficiente? Acusaste todos os homens, sem exceção: «por não ser como o resto dos homens […] nem como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo». Infeliz! Quanta presunção nestas palavras!
Quanto ao publicano, que ouviu muito bem estas afirmações, podia ter retorquido: «Quem és tu para te atreveres a proferir tais murmurações sobre mim? Donde me conheces? Nunca viveste no meu meio, nem pertences ao grupo dos meus íntimos. Porquê tamanho orgulho? Aliás, quem pode comprovar as tuas boas ações? Porque fazes dessa maneira o teu próprio elogio, e quem te incita a gloriares-te desse modo?» Mas não fez nada disso, muito pelo contrário! Prostrou-se por terra e disse: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.» Porque fez prova de humildade, saiu justificado.
O fariseu abandonou o Templo privado de qualquer absolvição, enquanto o publicano se foi embora com o coração renovado pela justiça reencontrada. […] E, no entanto, não havia nele ponta de humildade, no sentido em que usamos este termo quando algum nobre desce do seu estado. No caso do publicano, portanto, não era de humildade que se tratava, mas de simples verdade, porque ele dizia a verdade.