Por Dom Jesus Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo
Publicamos o comentário ao Evangelho do domingo da Santíssima Trindade, 30 de maio (João 16,12-15), escrito por Dom Jesus Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e de Jaca.
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A Santíssima Trindade não é uma palavra cruzada para os cristãos eruditos nem qualquer teorema complicado. Trindade é aquela casa de Deus que os homens – sem Ele – não podem construir. "Se o Senhor não constrói a casa, em vão se cansam os pedreiros". E é que é impossível que se levante uma casa quando aqueles que a projetam, a financiam, a constroem e a vendem, rejeitaram a única pedra angular possível: "Jesus é a pedra que vós descartais, arquitetos, e que se converteu em pedra angular". Por isso, surpreende ver que há cristãos que são tão incondicionalmente acríticos e tão submissamente disciplinados para com os desígnios e ditames daqueles que fazem um mundo sem Deus ou contra Ele (e, portanto, sem humanidade ou contra ela), e continuam suspeitando e clamando contra aqueles que, com verdade e liberdade, são as novas vozes dos que continuam sem ter voz nos fóruns do nosso mundo.
Jesus nos abriu a porta que o pecado, infelizmente, fechou. Ele é a primeira pedra de um edifício novo, o lar da Santíssima Trindade entre nós. Não é uma casa concluída, sendo que Ele convida cada um a ser pedra viva daquele novo lar. O Pai, o Filho e o Espírito, com quem fazemos nosso sinal da cruz, com cujos nomes começamos a Eucaristia e com cuja bênção terminamos… eles são nossa casa, nossa nostalgia, nossa origem e também nosso destino. A Trindade, como casa de amor, de paz e concórdia; como casa de beleza e bondade, de justiça e verdade, de luz e de vida.
"Jesus não perdeu seus anos sofrendo e interpelando a maldade da época. Ele resolveu a questão de um modo muito simples: criando o cristianismo" (Péguy). Há tanta coisa a fazer, que não podemos perder tempo em lamentos e acusações. As babéis, seus projetos e proclamações, sempre tiveram data de expiração. Façamos o cristianismo, sejamos o cristianismo, deixando que o Espírito nos conduza à verdade plena. E que nosso coração e nossas comunidades cristãs, como parte da Trindade, como pedras vivas de sua casa estreada na história de cada dia, possam mostrar o espetáculo da bem-aventurança, que dá graça, que dá felicidade.
ZENIT, 28/05/2010