1ª Leitura: Dt 5,12-15
Sl 80 (81)
2ª Leitura: 2Cor 4,6-11
Evangelho: Mc 2,23-3,6
JESUS, O SENHOR DO SÁBADO
A liturgia da Palavra de Deus nos convida a perceber que a caridade está acima das regras. Ou seja, quando se trata de fazer o bem, a prioridade deve ser sempre a pessoa e não as regras ou a lei: “O sábado foi feito para o Homem e não o Homem para o sábado”.
Na primeira leitura do Deuteronômio, aparece o centro dos Dez Mandamentos: Guardar o dia sagrado do Senhor (Dt 5,12-15), que para o povo judeu é o Sábado e para nós cristãos – o Domingo.
Por ser um dia pertencente ao Senhor, não poderia ser feita nenhuma obra nele, ou seja, os israelitas tinham de descansar do trabalho e celebrar as bênçãos de Deus. Além disso, os servos, as servas, os animais e os estrangeiros também deveriam descansar, pois esse era um modo de Israel lembrar que foi servo na terra do Egito e que Deus o libertou do passado de opressões. Nós cristãos atuais, nos diferenciamos em relação a este mandamento. O sábado é o sétimo dia da semana para os judeus. Os cristãos guardam a Deus no domingo, o primeiro dia da semana, porque foi num domingo que Jesus ressuscitou. Mesmo assim, seguimos o princípio do mandamento: descansamos do trabalho e dedicamos esse tempo ao Senhor, louvando-o por Suas bênçãos e relembrando todas as Suas obras.
A 2ª leitura rompe a unidade entre a 1ª leitura e o evangelho, mas é rica demais para ser deixada fora da liturgia. Paulo descreve seu apostolado como um tesouro em vaso de barro. Mas é bom que seja assim: pois deste modo todo mundo pode ver que sua força vem de Deus e não do homem. O vaso de barro é a fragilidade e a opressão que caracterizam a vida do apóstolo. Mas quando o vaso quebra, revela-se seu conteúdo: a vida de Cristo (2Cor 4,11)
No Evangelho Jesus nos ensina a colocar a caridade como principal lei para as ações da nossa vida. No mundo e até mesmo dentro da Igreja, já nos convencionamos aos preceitos e às regras e não percebemos que muitas vezes, estamos sendo injustos e infratores da Lei de Deus. A Lei de Deus é o AMOR! Tudo o que o Pai criou, Ele o fez em favor do homem, objeto do Seu Amor, portanto, dizer que “o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” significa que a nossa sobrevivência e a caridade conosco mesmos estão acima das normas que, apesar de estabelecidas para direcionar a vida do homem, quando mal aplicadas, se voltam contra ele próprio. Por isso, o Evangelho nos revela como os homens de Deus agiram na hora em que tiveram fome e precisaram de alimento. Nunca podemos nos esquecer de que a nossa vida e a nossa sobrevivência estão em primeiro lugar na escala de prioridades. Como poderemos amar ao nosso próximo se não amarmos a nós mesmos? Como poderemos alimentar o nosso próximo se não tivermos o alimento para dar? Por isso, sabiamente Jesus permitiu aos seus discípulos que arrancassem “espigas” em dia de sábado e infringissem a lei a fim de matar a sua fome. Reflitamos: Você se admira quando vê alguém quebrando o protocolo para ajudar a si mesmo ou a alguém?
Em seguida, na segunda parte do Evangelho, nós distinguimos um Jesus desafiador, que não se dobrava diante dos acordos nem dos juízos dos homens quando queria fazer o bem, mesmo que fosse em “dia de sábado”. Nós todos também temos uma “mão seca”. Há sempre algo em nós que precisa do olhar de Jesus, da sua atenção e do seu incentivo. Hoje, também, Jesus desafia o mundo a fim de nos curar. O que antes era a mão seca daquele homem é, hoje, a nossa cegueira espiritual, é a nossa falta de caridade com o próximo, é a nossa impotência diante do pecado, é a nossa indiferença, egoísmo, o medo, indecisão, incredulidade, enfim, tudo o que nos faz defeituosos e, consequentemente, distorce as nossas boas ações. “Estende a mão”, disse Jesus àquele homem. É esta também a ordem que Ele nos dá: apresenta o teu defeito, revela a tua dificuldade, abre a tua boca, confessa o teu pecado e eu te curarei e te libertarei. No entanto, para que sejamos curados, precisamos reconhecer que temos defeitos e que precisamos de cura e de libertação. Jesus hoje deseja nos colocar no centro, como seus colaboradores e servos, mas curados e apascentados pelo Seu Amor.
Façamos isto: Apresentemo-nos hoje a Jesus, ponhamo-nos no centro da sala e admitamos as nossas dificuldades e as nossas limitações. Ele quer curar-nos! O que seria o dia de sábado para você? Será que existe algum dia em que não nos é permitido fazer o bem?
Pe Osmar Debatin