Palavra: Lc 23, 44-49
44. “Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a região até que às três horas da tarde,
45. pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio.
46. Então Jesus deu um forte grito: ‘Pai, em Tuas mãos entrego o meu Espírito’ dizendo isso expirou.
47. O oficial do exército viu o que tinha acontecido, e glorificou a Deus, dizendo: ‘De fato! Esse homem era justo!’
48. E todas as multidões que estavam aí, e que tinham vindo para assistir, viram o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito.
49. Todos os conhecidos de Jesus, assim como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram à distância, olhando essas coisas.”
Estas são as últimas palavras de Jesus: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito. ” A morte chega-nos para finalizar um ciclo que fora preparado por Deus. Em algum momento da nossa vida fazemos escolhas que nos levam ao projeto de morte, contradizendo as tantas indicações deixadas pelos ensinamentos e pelas vivências e exemplos de muitos que seguiram a Jesus. Recebemos o livre arbítrio para optar pelas numerosas condições de entrega, de seguimento dos passos, de avaliação e de transformação para continuidade de uma vida ainda mais plena.
Mas terminamos por pensar que podemos brincar e expor o nosso corpo, a nossa cabeça e os nossos sentimentos aos infortúnios, acreditando ingenuamente que vamos apagar esta página. Ou, nos lançamos aos precipícios imaginando-nos imbatíveis. Esquecemos que somos frágeis, limitados e principalmente carentes. Precisamos de atenção, de reconhecimento, de acolhida, de segurança interior e de afeto.
Hoje, para sair da escuridão, da violência que provoca a morte e a degradação de todos os vínculos familiares e sociais, de todos os vícios, manias e maus costumes, é necessário também se entregar com fidelidade e perseverança nas mãos do Pai. A partilha e troca daquilo que almejamos receber é também uma condição para que aconteça a união nas nossas relações. É necessário ter a coragem de romper com os males do passado e buscar com sobriedade entender a razão de estarmos aqui.
O Pai aceitou a entrega de Jesus. Por isso também precisamos ser fiéis como Jesus para que o Pai também nos aceite. Muitos de nós clamamos para que Deus nos aceite como somos. E isso já acontece, mas é diferente de aceitar os erros. Se uma pessoa que tosse porque fuma e pede para que o Pai o ajude a se curar da tosse, como poderá se livrar, se continua fumando? O Pai cumpre o Seu papel ao dar o ensinamento, ao dar a opção de ir ao médico, de se servir da medicina, de manter-nos vivos para rever as nossas ações. Deus oferece-nos o resgate da autoestima, mas é preciso que nesse encontro também aconteça o nosso desejo de nos mexer, de nos transformar.
Aquele que se compromete com o projeto de Deus, admite, confia e se entrega, aceitando a proposta de conversão através do Evangelho de Jesus que nos garante a liberdade do corpo e do espírito.
* Assista também ao Programa de Rádio “Sobriedade em Cristo” que vai ao ar pela Rádio Arca da Aliança – AM 1260 (todas as segundas-feiras, as 12:30h)
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Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau