LEITURAS
1ª leitura: Ex 20,1-17 = A Lei foi dada por Moisés
Salmo Responsorial: Sl 18 = Senhor, tens palavras de vida eterna
2ª leitura: 1Cor 1,22-25 = Pregamos Cristo crucificado, a sabedoria de Deus
Evangelho: Jo 2,13-25 = Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei
1 – Marketing religioso
Depois de sermos conduzidos, nos dois primeiros Domingos, para locais silenciosos, no deserto e no Monte Tabor, a Liturgia nos leva, hoje, para dentro do templo. É um espaço dedicado ao sagrado, ao encontro com Deus que, nos últimos anos, vem conhecendo um fenômeno bem estranho ao sagrado: o marketing religioso. O marketing é uma estratégia comercial que investe para atrair compradores de um determinado produto. São estratégias para oferecer o que as pessoas querem usufruir.
São Paulo dizia, na 2ª leitura, que os judeus querem sinais milagrosos, que os gregos querem sabedoria. O que as pessoas querem da religião e das Igrejas? Algumas oferecem milagres, outras bênçãos e orações poderosas, outras oferecem turismo religioso. Jesus entra numa situação semelhante, faz um chicote e expulsa os comerciantes. O templo, a religião, não é uma praça de negócio, é um local sagrado onde se deve encontrar com Deus.
2 – A finalidade da religião
A religião, cristã ou de outra denominação, tem uma proposta de vida: buscar o rosto de Deus, conhecer Deus e caminhar nos caminhos de Deus. Isto de forma gratuita, porque tudo que vem de Deus é graça; é de graça. No judaísmo, a proposta para caminhar nos caminhos de Deus está na observância dos Mandamentos, dizia a 1ª leitura, e o salmista explica o motivo: na Lei do Senhor, nos Mandamentos, encontra-se a sabedoria da vida.
Também nós, cristãos, consideramos os Mandamentos um caminho proposto por Deus, onde se encontra a sabedoria da vida. Outra finalidade da religião está na conclusão do Evangelho: Jesus conhece o homem por dentro. A religião é vivida na sinceridade, sem fingimento, professando que a sabedoria de Deus é Jesus Cristo, e Cristo crucificado. Não testemunhamos uma Igreja milagrosa e nem teórica para discutir com os gregos de nossos dias. Nós testemunhamos o amor divino concretizado na Cruz.
3 – Testemunhar a fé de modo autêntico
Inspirando-nos no tema da Campanha da Fraternidade deste ano, sobre o diálogo, não queremos fazer desta reflexão um julgamento a quem instrumentaliza a religião e a Igreja em vista de lucro. Jesus tem autoridade para fazer o chicote e dar chicotadas, nós somos convidados a avaliar as finalidades e os motivos pelos quais cultivamos a fé. Quaresma é tempo de conversão, por isso, é bom entrar em contato com nossas motivações religiosas: por que eu cultivo a fé? Por que eu venho aqui na Igreja? É para ver milagres, é para não ter algum prejuízo … O principal motivo encontra-se no sentido da vida, presente na Lei do Senhor, e no seguimento a Cristo crucificado, fonte da sabedoria divina.
Não seguimos um Deus porque ele faz milagres, mas porque em sua infinita bondade deu a vida para que eu pudesse viver de modo pleno. Neste Domingo, podemos avaliar também nossas pastorais, movimentos eclesiais, se estão de acordo com a finalidade proposta na Palavra, exercidas na gratuidade, ou se atuamos pastoralmente para outras finalidades. É tempo de conversão; tempo de avaliar como vivemos a religião.