Palavra: Ex 3, 7-10
7. “Javé disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos.
8. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir desta terra para uma terra fértil e espaçosa, onde corre leite e mel, o território dos cananeus, heteus, amoreus, ferezeus, hebreus e jebuseus.
9. O clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e eu estou vendo a opressão com que os egípcios os atormentam.
10. Por isso, vá. Eu envio você ao Faraó, para tirar do Egito o meu povo, os filhos de Israel.”
Confia em Deus. Ele vê, ouve e conhece a situação sofrida do Seu povo. Porém, confiar não quer dizer lamentar e chorar, ou busca-Lo apenas nos momentos de dor e sofrimento. Quando agimos assim é porque nos remetemos a Deus como último recurso. Geralmente deixamos as situações correrem sem muito envolvimento ou empenho. E quando ela se agrava e não temos mais saída, então invocamos o nome do Senhor para reparar os danos por nós criados e para nos confortar da angústia e do desespero. Ainda assim, Ele ouve nosso clamor.
Deus revela o Seu plano de salvação para a vida de cada um de nós se caminharmos com Ele. À medida que abrimos o nosso coração estaremos aprofundando este encontro. Não convém que Deus devolva para nós novas soluções, se continuamos agindo como antes. É necessário que aprendamos com os deslizes para não cairmos nas mesmas agruras. Se não alcançarmos a compreensão da compaixão que o Senhor tem por nós, não somos dignos de sermos atendidos em nosso flagelo. Mesmo não sendo merecedor, Deus é compassivo.
Quando não temos maturidade cristã costumamos buscar os benefícios do Pai e uma vez saciados nos acomodamos e não procuramos ir ao Seu encontro, deixando de entender o quanto somos pequeninos diante deste amor grandioso que nos ilumina, que nos acolhe, que nos oferece aquilo que precisamos para nos fortalecer e vencer os infortúnios.
O clamor humano é, ao mesmo tempo, uma tomada de consciência da situação opressora e também, a motivação para o desejo de libertação, a fé e a esperança. Estes, promovem um elo com o Divino, proporcionando um novo espaço para uma Caminhada de Vida Nova. Deus não abandona o seu povo e vai nos salvar. Ele não está aleatório às súplicas dos nossos dependentes, mesmo que tenham caminhado pelas sombras, mesmo que tenham vivido em função de prazeres vis e mal intencionados.
Nosso Deus, com Suas próprias ferramentas, intervém de modo especial onde a vida está ameaçada, sobretudo pela escravidão das drogas e de tantas dependências que nos fazem sucumbir. Conhecendo a miséria e o sofrimento pelo qual passam os familiares, Ele intervém ofertando novas possibilidades, mostrando onde falhamos e desenvolvendo novas condições para uma vida voltada à sobriedade. E neste caso, esse processo envolve a família como principal elemento, para que unidos, todos aprendam a lidar com este mundo que nos cerca e que tantas vezes nos envolvem, fazendo com que não só os nossos jovens, mas também nós mesmos nos percamos diante de tantas futilidades e tantas promessas falsas.
Na Leitura, Deus envia Moisés para libertar Seu povo, os filhos de Israel. A nós, Ele envia Seu próprio Filho. Do que mais precisamos? Soltar as amarras da escravidão? Onde temos nos tornado escravos? A conversão é um movimento pessoal e vivenciá-la depende da nossa confiança neste projeto do Cristo Libertador. Se nos acomodamos, se nos conformamos é porque ainda não queremos nos livrar dessas amarras. O medo também é um grande propulsor dessa imobilidade.
Portanto, a libertação deve ser uma decisão firme de lutar pela conquista da maneira nova de viver, proposta por Deus. Ela depende da nossa atitude concreta de adesão e da confiança nesta Caminhada de Vida Nova!
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau