24º Domingo do Tempo Comum, 13 de setembro de 2020 – Necessitar do perdão de Deus para aprender a perdoar – Reflexão de Pe. Osmar Debatin

LEITURAS

1ª leitura: Eclo 27,23—28,9 = Perdoa a injustiça cometida por teu próximo
Salmo Responsorial: Sl 102 = O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso!
2ª leitura: Rm 14,7-9 = Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor
Evangelho: Mt 18,21-35 = Não perdoar até sete vezes, mas até setenta vezes sete

 

A Palavra de Deus que a liturgia deste domingo nos propõe fala do perdão. Apresenta-nos um Deus que ama sem cálculos, sem limites e sem medida; e convida-nos a assumir uma atitude semelhante para com os irmãos que, dia a dia, caminham ao nosso lado.

A primeira leitura deixa claro que a ira e o rancor são sentimentos maus, que não servem para a felicidade e à realização do Ser Humano. Mostra como não é certo esperar o perdão de Deus e recusar-se a perdoar o irmão; e avisa que a nossa vida nesta terra não pode ser estragada com sentimentos, que só geram infelicidade e sofrimento: “Recorda os mandamentos e não tenhas rancor ao próximo; pensa na Aliança do Altíssimo e não repares nas ofensas que te fazem”.

Particularmente interessante nessa leitura é a relação estabelecida aqui entre o perdão humano e o perdão divino: quem se recusa a perdoar o irmão, como poderá ter a coragem de pedir o perdão de Deus? Mas quem perdoa as ofensas dos outros, poderá pedir e esperar o perdão do Senhor para as suas próprias falhas. Ao menos dois séculos antes de Cristo o judaísmo já tinha descoberto que existe uma relação entre o perdão que Deus nos oferece e o perdão que Ele nos convida a oferecer aos irmãos.

Por isso a primeira leitura nos ensina que a verdadeira “sabedoria” está em não se deixar dominar pelo rancor, pela ira e pelos sentimentos de vingança. O “sábio” (isto é, aquele que quer ter êxito e ser feliz) é aquele que é capaz de perdoar as ofensas e de ter compaixão pelo seu semelhante.

Todos os dias vemos, nas notícias que nos chegam de todos os cantos do mundo, onde nos apresenta a lógica do “responder na mesma moeda”. Para vingar ofensas reais ou imaginárias, desencadeiam-se mecanismos de vingança que são responsáveis pela morte de inocentes, por sofrimentos e dramas sem fim e por uma espiral de violência sem limites e sem prazos. É este o mundo que queremos? A única forma de fazermos respeitar os nossos direitos e a nossa dignidade passará pela vingança, de rancor e de ódio?

Na segunda leitura (Rm 14,7-9) Paulo sugere aos cristãos de Roma que a comunidade cristã tem de ser o lugar do amor, do respeito pelo outro, da aceitação das diferenças, do perdão. Ninguém deve desprezar, julgar ou condenar os irmãos que têm ideias e atitudes diferentes. Os seguidores de Jesus devem ter presente que temos algo de fundamental que nos une a todos: Jesus Cristo, o Senhor. Todo o resto não tem grande importância.

O Evangelho fala-nos de um Deus cheio de bondade e de misericórdia que derrama sobre os seus filhos – de forma total, ilimitada e absoluta – o seu perdão (Mt 18,21-35). Nós somos convidados a descobrir o jeito de Deus e deixarmos que a mesma lógica de perdão e de misericórdia sem limites e sem medida marquem a nossa relação com os irmãos. “Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoá-lo? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete»”. Quer dizer, perdoar sempre.

A parábola do Evangelho de hoje é uma catequese sobre a misericórdia de Deus. Mostra como, na perspectiva de Deus, o perdão é ilimitado, total e absoluto. Depois, a parábola convida-nos a analisar as nossas atitudes e comportamentos face aos irmãos que erram. Mostra como neste capítulo, o nosso jeito está, tantas vezes, distante do jeito de Deus. Diante de qualquer falha do irmão (por menos significativa que ela seja), assumimos a atitude de vítimas magoadas e, muitas vezes, tomamos atitudes de indiferença e vingança que são o sinal claro de que ainda não interiorizamos o jeito de Deus. Finalmente, a parábola sugere que existe uma relação (aliás já afirmada na primeira leitura deste domingo) entre o perdão de Deus e o perdão humano. Mateus sugere que o perdão de Deus é condicionado e que só se tornará efetivo se nós aprendermos a perdoar aos nossos irmãos. O que Mateus quer destacar, sobretudo, é que na comunidade cristã deve funcionar o modo do perdão ilimitado: se esse é o jeito de Deus, terá de ser o nosso jeito, também. O Evangelho destaca que se o nosso coração não bater segundo a dinâmica do perdão, não terá lugar para acolher a misericórdia, a bondade e o amor de Deus. Fazer a experiência do amor de Deus transforma-nos o coração e ensina-nos a amar os nossos irmãos, nomeadamente aqueles que nos ofenderam.

Não podemos dizer que Deus não perdoa a quem é incapaz de perdoar aos irmãos; mas podemos dizer que experimentar o amor de Deus e deixar-se transformar por Ele significa assumir uma outra atitude para com os irmãos, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo amor.

“Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração” (Mt 18,35).

Pe. Osmar Debatin 

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