Palavra: Ef 6,1-4:
1. “Filhos, obedecei a vossos pais segundo o Senhor; porque isto é justo.
2. O primeiro mandamento acompanhado de uma promessa é: honra teu pai e tua mãe,
3. para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a terra.
4. Pais, não exaspereis vossos filhos. Pelo contrário, criai-os na educação e doutrina do Senhor.”
Quando agimos em nossa vida, essas ações reverberam em todos que estão ao nosso redor. Mais que isto. Com as nossas atitudes as sementes são plantadas no coração das pessoas de convívio diário, mais precisamente da família. Então, a nossa conduta nos leva a ter boas e más relações partindo das escolhas que fazemos, da forma que lidamos com aquilo que o mundo também nos oferece. O grupo de autoajuda da Pastoral da Sobriedade nos desafia a olhar para o nosso convívio familiar a partir da Leitura da Palavra, e chama a atenção para a forma como apresentamos a Deus a nossa dedicação ao grupo mais importante, que deu existência à nossa própria vida.
Por ser a família, os pais, aqueles que nos conhecem profundamente, muitas vezes achamos que eles têm a obrigação de saber também quando estamos contaminados com as coisas que vem lá de fora. Consideramos que eles devem, além de saber pelo que estamos passando, acolher todas as grosserias, maus tratos, alteração de voz, expressões de gírias e pornografias, atitudes de desobediência ou de receberem um frio distanciamento. Mesmo já estando velho, qual o filho que não caiu neste erro?
Para sermos bons pais é preciso reavivar a memória e recapitular nossas atitudes como filhos. Não conseguiremos ser bons pais se não nos tornarmos bons filhos. Muitos podem dizer: “Na sua adolescência você não era flor que se cheirasse”; todavia podemos afirmar: “Hoje, reconheço minhas faltas e tento reparar o mal que causei, e posso me tornar exemplo de conversão familiar.” Para Deus não importa os erros cometidos no passado. Quanto mais cedo a gente se dá conta da forma desenfreada e indisciplinada dentro do nosso seio familiar, mais tempo teremos para resgatar a harmonia pela misericórdia do Pai.
É muito comum não sabermos lidar com as dificuldades dos nossos filhos. Tudo hoje em dia parece tão mudado. No nosso tempo não era assim. Não conseguimos acompanhar as façanhas da modernidade. Os valores já não são mais os mesmos. Todas essas frases recaem sobre as cabeças dos pais que se deparam com a problemática das drogas. E aí vem peso da culpa: “Onde erramos?”
Antes de querer mudar toda esta situação dentro da família será preciso mudar o primeiro membro, aquele que realmente temos autonomia para tal, ou seja, a nós mesmos. Mas, antes de mudar o nosso comportamento vai ser necessário mudar inevitavelmente a nossa maneira de pensar. Portanto, ao invés de pensar onde erramos, o correto é rever onde não acertamos. E isso não quer dizer a mesma coisa. Quando nos perguntamos onde erramos queremos nos punir. A culpa paira sobre nossa cabeça e o nosso olhar é de julgamento para conosco. Nessa condição, mantemos um olhar egoísta e cômodo porque estamos presos ao que foi feito e não ao que se deve fazer. Assim não precisamos nos debruçar sobre o problema para resolvê-lo.
Agora, se refletirmos sobre o questionamento, que é parecido, todavia inverso, ele nos diz diferente: Onde não acertamos? Essas três palavras nos leva ao desejo que querer descobrir, de fazer tentativas, de perseverar. Essa nova maneira de olhar para o problema nos leva a olhar para o outro e perceber as suas necessidades. Com esta reflexão vamos compreendendo que a forma como estamos passando, a mensagem não está chegando. A dedicação precisa ser maior. Fica a questão: queremos fazer essa avaliação na nossa vida? Ainda dispomos de tempo para reaprender a educar, ou ainda, aprender a reeducar? Avaliemos a forma como nos colocamos como filhos lá atrás e reflitamos também sobre a nossa relação com nossos pais. Talvez este seja mais um caminho que devemos considerar proposto por Deus, a partir desta Leitura de Efésios.
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Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Blumenau