LEITURAS
1ª leitura: Is 55,1-3 = Apressai-vos, e comei!
Salmo Responsorial: Sl 144 = Vós abris vossa mão e saciais os vossos filhos.
2ª leitura: Rm 8,35.37-39 = Nada nos poderá separar do amor de Cristo.
Evangelho: Mt 14,13-21 = Todos comeram a ficaram satisfeitos.
A Liturgia nos convida a sentar à mesa, que o próprio Deus preparou, e onde nos oferece gratuitamente o alimento, que sacia a nossa fome de vida, de felicidade, de eternidade.
Na 1ª leitura, Deus convida a uma MESA farta e gratuita, o povo faminto e sofredor, que estava no exílio. “Venham matar a sede e comprar sem ter dinheiro comer sem pagar, beber vinho e leite à vontade”.
Era o apelo do profeta para que o Povo se animasse a voltar à terra de origem, para recomeçar uma vida nova. Seria o banquete da vida em liberdade, da terra repartida, da moradia garantida, da saúde, da paz e bem-estar.
A 2ª Leitura é um Hino ao amor de Deus, que enviou ao mundo o seu próprio Filho, para nos convidar ao BANQUETE da vida eterna.
No Evangelho, Cristo realiza a profecia da primeira leitura, alimentando o povo com a Partilha dos Pães. (Mt 14,13-21).
Seguido por uma imensa multidão, Jesus, como um novo Moisés, vai ao deserto (novo Êxodo), onde repete o milagre do Maná. Doa o seu pão ao Povo e convida os discípulos a distribuí-lo. O deserto, para Israel, era o lugar do encontro com Deus. Ali, Israel aprendeu a despir-se das suas seguranças humanas e descobrir em cada passo a maravilhosa proteção do Senhor. O deserto é o lugar e o tempo da partilha, em que todos contam com a solidariedade da Comunidade.
Alguns passos de Jesus para resolver o problema da fome:
1. Vê a “fome” e busca na comunidade a solução do problema. Quando os discípulos buscam a solução mais fácil, despedindo o povo, Jesus lhes ordena: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Quantos “famintos” de pão, de alegria, de apoio, de esperança!
2. Jesus Ensina como dar resposta a este desafio: PARTILHANDO. Ele recolhe os “cinco pães e dois peixes”, recita a bênção e manda partilhar. Todos comeram, ficaram saciados e até sobrou.
3. Dá a razão para a partilha: Deus é o dono de tudo. “Tomou os 5 pães e os 2 peixes, ergueu os olhos ao céu e recitou a Bênção”. A “BÊNÇÃO” é uma fórmula de ação de graças, pela qual se agradece a Deus pelos dons recebidos. Isso significa reconhecer que o dom veio de Deus e que pertence a todos os filhos de Deus. Não somos donos.
As leituras nos lembram três verdades:
1- Deus convida todos para o “Banquete” do Reino. Os que vivem à margem da vida e da história, os que têm fome de amor e de justiça, os que vivem atolados no desespero, os que o mundo condena e marginaliza, os que não têm pão na mesa, nem paz no coração, também são convidados para a Mesa do Reino.
2- Jesus nos compromete com a “fome” do mundo. A fome é companheira cruel de milhões de filhos de Deus. Quase dois terços da humanidade, passa fome. Os apóstolos encontram a solução mais fácil: “Despede as multidões”: “Mande-os para casa”. Jesus não fica na mera “compaixão”: cura os doentes, ilumina o povo com a sua palavra, partilha com eles o pão, entrega-se pessoalmente a eles como o Pão da Vida. Quando os Apóstolos falam em “comprar”, Jesus manda “dar”: “Dai-lhe vós mesmos de comer…”.
3- NÓS também somos responsáveis pela fome no mundo. Nenhum cristão pode ficar alheio a essa triste realidade! E o problema da fome no mundo também não se resolve apenas com programas de assistência social, mas com a partilha, com o amor.
O milagre da partilha pode acontecer na medida em que todos oferecem do pouco que tem. Não se trata de quantidade, mas da generosidade que permite a realização do milagre. E o milagre da partilha não se fecha nas coisas materiais. Muitos necessitam um pouco do nosso tempo, de um olhar, de um abraço, de uma visita.
Na primeira semana do mês vocacional de agosto, a Igreja no Brasil convida a refletir e rezar pelas vocações dos ministérios ordenados: diáconos, padres e bispos. Um convite que toca nossas pastorais diante da crise vocacional que passamos. — O testemunho pastoral de nossas comunidades é suficientemente cristão a ponto de despertar vocações sacerdotais em adolescentes, jovens e adultos? Pode ser que nossas pastorais sejam simplesmente funcionais e não respostas evangélicas de discípulos e missionários e, por isso, não atrai nossos jovens para doarem suas vidas no ministério sacerdotal.
Rezemos para que Deus desperte muitas vocações. Que sejam vocações atraídas pelo projeto do Evangelho vivenciado e testemunhado com fé em nossas comunidades. Rezemos também pelos nossos diáconos, padres e bispos, intercedendo a graça de serem testemunhas da compaixão divina como discípulos e missionários.
Uma prece muito carinhosa e especial seja elevada a Deus pela perseverança vocacional dos seminaristas brasileiros e pelo aprofundamento sempre mais intenso no caminho do discipulado.
Pe. Osmar Debatin