Leitura da Palavra: Lv 23, 1-3; 5-6; 10; 27; 34:
“1. Javé falou a Moisés:
2. ‘Diga aos filhos de Israel: São estas as solenidades de Javé, que vocês proclamarão como assembléias sagradas. São estas as minhas festas:
3. a festa do sétimo dia; dia de repouso completo para a assembléia sagrada;
5. O dia catorze do primeiro mês, ao entardecer; é a Páscoa de Javé.
6. O dia quinze do mesmo mês, é a festa dos pães sem fermento, dedicada a Javé: durante sete dias vocês comerão pães sem fermento
10. a festa das colheitas;
27. festa da expiação dia dez do sétimo mês;
34. no dia quinze do sétimo mês começa a festa das tendas dedicada a javé e dura sete…”
As festas de Israel tiveram sua origem no mundo agrícola e pastoril e acabaram sendo absorvidas pela tradição de Êxodo e incorporadas à celebração da antiga aliança. Neste período, os povos celebravam a vida com festas em épocas determinadas, baseando-se nos sinais da natureza, pelo tempo de plantio e de colheita. O texto que refletimos hoje enfatiza algumas datas comemorativas do Livro de Levítico, que destaca, como motivo de alegria, a abundancia para as famílias, povos e comunidades.
Estas comemorações tinham um sentido de fartura, pois ninguém passaria privações, mesmo que viessem as “vacas magras”. Eram dadas graças ao Senhor, era colocado em um altar o melhor produto em agradecimento por tudo o que receberam, e também expandiam suas satisfações nos festejos. Se prestarmos atenção, vemos que nada se remete ao uso de nenhuma substância que os deixasse ainda mais alegres. Comemorava-se pelo resultado obtido, pela união do trabalho conjunto.
É fato que se bebia o vinho. Todavia, esta bebida era macerada e tomada. Não era algo que se engarrafava e esperava envelhecer. Também não tinham medidores para manter em temperatura ambiente. Era praticamente um suco de uva. No máximo meio avinagrado por não se tomar logo que fosse feito. Então, provavelmente deveriam existir alguns cuidados para que não arruinar tão rápido. E assim este sabor se alterava, dando por fim o nome de vinho, que futuramente ganhou tantas formas de alteração de teores alcoólicos.
É importante termos este conhecimento para poder contestar sobre algumas questões a respeito da sobriedade. Esta era uma bebida comum na época. Além dessa tinham os chás. Portanto, não se fazia uso do vinho como um aperitivo, mas como um acompanhamento para o complemento alimentar. Em alguns textos bíblicos ressaltam-se sobre o uso abusivo do vinho, quando se abre mão da partilha em família e associa-se às festas carnais, também conhecidas como festas bacantes, orgias, produzidas pela crença em deuses gregos e romanos.
Faz-se necessário perceber a diferença do consumo porque assim também temos que lidar com o fato de os nossos familiares beberem. Ao participarmos do Programa de Vida Nova, fazemos a opção consciente de não usar qualquer substância alcoólica por compreender que podemos festejar, comemorar e celebrar, partindo do princípio de que o mais importante é a razão desta festa. Neste sentido também entram aí os enfeites do ambiente, as aparências, o glamour da comemoração para que não se tire o verdadeiro sentido desta comemoração.
E já aproveitando o momento em que estamos vivendo esta época natalina, aqui cabe bem o que foi colocado, pois, se damos muito sentido à festa, esquecemos o que nos leva a fazer a festa. Os excessos nos fazem distanciar da essência autêntica do Natal. Neste tempo de renovação, devemos valorizar os acontecimentos de nossa vida e da vida dos nossos irmãos, fazendo de nossas festas de aniversário, de batizado, do casamento, festas dos santos, festa de Páscoa, festa de Natal e outras, uma festa sagrada.
A Pastoral da Sobriedade propõe para aos que se envolvem como agentes uma abstinência total e para os demais a sobriedade, para não escandalizarmos os irmãos na Igreja e fazer os doentes, dependentes, recair. As festas na Igreja são para celebrar as colheitas, as conquistas, as bênçãos, as graças, sendo sinal de testemunho de sobriedade cristã.
Os grupos de autoajuda precisam valorizar a vida festejando cada dia de sobriedade. Já sabemos o quanto fizemos e participamos de “festas” que trouxeram situações até arriscadas, situações que poderiam acabar em quadros severos de dependência, que começam numa simples e inocente festa, que começam com envolvimento de pessoas com más intensões, que não querem correr riscos sozinhos e que geralmente são pessoas mais velhas que estimulam os mais jovens.
A Igreja e Pastoral da Sobriedade, neste Programa de Vida Nova, nos propõem festas limpas, aonde a alegria vem do celebrar a vida e não da falsa alegria que provém das substâncias que entorpecem. Queremos festejar este Programa de Vida Nova, irmanados com todos por uma vida sem males e sem drogas, anunciando Jesus pelo nosso testemunho.
* Ouça também o Programa de Rádio “Sobriedade em Cristo” que vai ao ar pela Rádio Arca da Aliança – AM 1260 (todas as segundas-feiras, as 12:30h)
http://www.radios.com.br/aovivo/Radio-Arca-da-Alianca-1260-AM/18403
Malena Andrade e Silva – Psicóloga assessora da Pastoral da sobriedade na Diocese de Blumenau