Sobriedade e Paz só por hoje, graças a Deus! É tudo o que precisamos, viver o dia de hoje. Chegamos ao final de mais um ciclo do Programa de Vida Nova que direciona, através da Palavra, a Pastoral da Sobriedade. Os grupos de auto-ajuda acontecendo na Paróquia, contribui para reestruturar vidas, não apenas se mantendo em abstinência, mas promovendo a própria reconciliação com a Trindade Santa. Acontece um lento processo de conversão e não poderia deixar de ser, pois como ovelhas perdidas, nos encontrávamos ao chegar aqui e sabemos o quanto foi difícil reconhecer sobre as nossas falhas. O milagre se dá pela nossa forma de entendimento a respeito das inúmeras situações que nos rodeiam e como vamos lidar com elas.
A nossa comunidade acolhe sem distinção, dá a conhecer os fatos sem distinção, mas direciona com distinção, porque cada pessoa terá a sua maneira de livrar-se do seu vício. Sendo assim, não podemos deixá-los de lado se tiverem outras crenças, ou se forem soro positivo, ou ainda se tiverem tendências homossexuais. Há também os que já foram detentos, que estão com pendência na justiça, e os de rua. E o que nos fala o Pai sobre os excluídos? Temos de fazer algo de concreto já.
Quanto ao Programa de Vida Nova trabalhados nos grupos de alto-ajuda, esta é mais uma das opções que oferecemos para todos aqueles que buscam essa orientação, inclusive para os familiares, que necessitam de tanta atenção quanto o seu dependente. Contudo, seja qual for o investimento que se resolva fazer, se não seguir as orientações, não há como dar certo. Assim o é também com a Caminhada dos Doze Passos, que se baseia na pedagogia do Cristo Libertador, que através da reflexão de Leituras Bíblicas, vai nos amparando e nos preenchendo de conhecimentos novos, nos fazendo dar conta do quão tamanha é a falta de Deus em nosso dia-a-dia.
Nessa perspectiva acontecem os Passos da Sobriedade, que nos chama a atenção sobre as nossas próprias atitudes para com nós mesmos e para com o outro. E assim, norteando familiares, vamos nos direcionando a um encontro pessoal com Jesus, que nos leva a trilhar um novo caminho, ou pelo menos, uma nova forma lidar com as coisas que se nos apresentam, sempre voltados para um movimento de melhora interior, de conversão.
Portanto, tomando-se como premissa que nada muda se nós não mudarmos, ou, se queremos que as coisas mudem devemos começar primeiramente por nós, essa possibilidade pode ser de grande auxílio, pois não detemos a vontade do outro, mas a nossa sim; não podemos mandar no outro, mas em nós sim; não temos como mudar o outro, mas a nós sim. Já tivemos muitos casos em que as pessoas buscam atendimento e desistem no meio da caminhada. Muitos dependentes que se internam e abandonam o tratamento em semanas até. E sabe por que isso acontece? Porque esse processo de mudança requer que se envolva e que se mude primeiro a maneira com se pensa, que se reconheça que a forma como agia era falha porque se pensando assim se mantinha errando.
E olha que não é fácil se mudar o pensamento de uma hora pra outra. É como se tivesse que ir contra nós mesmos. Admitir que a maneira como criamos, como educamos, como amamos, não fosse a ideal. E olhamos pra nós e pensamos: somos um erro completo? Teríamos que ser outra pessoa para endireitarmos? É quase isso. Teríamos, na verdade é que rever a forma como agíamos e depois compreender que agíamos dessa maneira porque pensávamos ser esta a que ia garantir uma boa relação, uma boa convivência ou uma boa educação. Por esta razão é que o Programa de Vida Nova, dentro do grupo de auto-ajuda é para todos, para que tenhamos a oportunidade de aprender a amar, a perdoar, a reconhecer, a se tornar humilde, a perceber o ritmo dos acontecimentos, a pedir perdão, a se esforçar pela causa da família, a se espiritualizar, a se encontrar dentro da religião, a se comprometer, a aceitar as diferenças, enfim, cada um vai beber na fonte e saciar a sede que precisa.
Sempre lembrando aqui que quando uma família passa pelo flagelo das drogas, essa problemática já se originou muito antes do consumo em si. A dependência é uma consequência de uma desestrutura anterior, que se chegou a tal ponto, que desembocou num infortúnio ainda maior. Há uma falta aí que precisamos encontrar a sua origem. Sabemos que a maioria daqueles que nos procuram estão muito afastados de sua prática espiritual, mas acolhemos famílias que tem educação cristã e se veem frente a este sofrimento também. E por que isso acontece? Isso acontece porque não soubemos vigiar e nos precaver das seduções do mundo.
Ora, os nossos pensamentos são bombardeados a todo instante por cada um dos pecados capitais, lembram deles? Luxúria, inveja, preguiça, ira, avareza, mentira e gula. É preciso muito direcionamento para se precaver de cada um deles, pois eles nos rodeiam o tempo todo. É preciso muita presença de Deus nas nossas práticas e nos ensinamentos com os nossos filhos. E para ensinar, é preciso que a gente acolha essa prática como importante para a nossa vida e dê o exemplo. Não é só porque estamos dentro da Igreja que não seremos tentados. Muito pelo contrário. Os nossos filhos principalmente, que vivem na adolescência uma condição natural para experimentações e que muitas vezes nem tomamos conhecimento. Isso quer nos dizer que precisamos dobrar mais nossos joelhos para a oração, para as coisas que Deus quer nos falar e que possamos dar a nossa contribuição da melhor maneira possível.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau