Chegamos ao passo da partilha. Para chegar até aqui experimentamos atitudes diferentes das quais éramosacostumados a ter, renunciamos nossos vícios ou maus hábitos, procuramos enxergar através de uma lente que nos mostrasse maior clareza pela opção que fizemos. Fomos direcionados a fazer uma oração mais interiorizada, focada nas nossas próprias questões.
Num primeiro momento, do ciclo ressaltamos bastante sobre a ação e consequência das nossas atitudes. As mudanças do mundo dependem das nossas mudanças. Então, começamos por admitir, confiar e entregar em um processo pessoal de transformação. Tomando o exemplo de um quarto bagunçado, assim estava o nosso coração. Não nos encontrávamos porque não conseguíamos identificar os sentimentos, as dores, o que era nosso, o que era do outro. Enfim, foi um momento de trazer Luz para dentro da gente. Essa Luz, por meio da Palavra Divina, caracterizou a primeira etapa dessa nova caminhada.
Num segundo momento, passamos da interiorização para exteriorização, mas ainda de nós mesmos. Com os passos arrepender-se, confessar e renascer buscamos externalizar as nossas questões, dando continuidade ao nosso processo individual. Procuramos ser presentes onde já se encontrava o outro, colocando-nos à mostra e apresentando uma outra perspectiva, outra forma de pensar e entender as coisas do mundo.
Os passos reparar, professar a fé, orar e vigiar compreende um terceiro momento, que atuam como um exercício de manutenção, que devem ser cuidadosamente acolhidos permanentemente, visto que, após uma avaliação de nós mesmos, as reformas são necessárias para que a caminhada não seja vã. Os três últimos passos se completam, no sentido de plantar e colher os frutos com alegria e com a certeza de que o ciclo se conclui com numa tomada de consciência acerca de quem éramos e de quem somos a partir de então.
Na última semana vivenciamos o passo servir, que nos trouxe a oportunidade de fazer uma entrega de tempo, de talento e de encontro baseado na gratuidade. Reconhecemos que enquanto nos dedicamos ao serviço em nome do outro, somos na verdade nós que estamos sendo agraciados, pois Deus está em nós. Somos seus instrumentos e através de nós Ele vai soltando sementes para que aconteça o milagre da multiplicação evangelizadora. E nesta semana estamos entrando em contato com mais um passo, que Celebra junto ao Cristo todo esse movimento, toda essa construção, valorizando os desafios e enfrentamentos, a coragem e o crescimento espiritual.
O Passo Celebrar nos convida a partilhar a Ceia do Senhor com honra e graça. Somos Seus convidados e devemos nos fazer presentes, confirmando o nosso chamado. A Missa traz a permanente memória do banquete sagrado que antecedeu o sacrifício da cruz. Neste momento, Jesus valida a nossa salvação pelo arrependimento dos pecados. E embora nos encontremos diante do altar inúmeras vezes, este acontecimento não se repete. Nós é que nos tornamos presentes a ele, porque o tempo de Deus é aqui e agora, um momento eterno, um momento-sacramento. Tornar presente este ato nos faz recordar e receber, conforme a nossa credulidade e merecimento, as bênçãos infinitas da libertação dos nossos pecados, pelo martírio da Cruz.
Jesus, homem verdadeiro de Deus verdadeiro nos mobiliza ao nível divino, abolindo-nos do mal, dos vícios, das doenças do espírito, dos sentimentos de morte e das dores do mundo. Em Sua mesa partilhamos o Pão da unidade descido do céu, que alimenta a nossa fome de amor e de vida, de vida saudável, em abundância. Pela Sua providência, é-nos revelada a verdade que liberta e que nos eleva à condição de filhos. Contemplamos em cada celebração a presença do Cristo partilhando conosco esta Ceia, onde nos fazemos presentes e trazemos o nosso bem maior que é o nosso coração.
Uma celebração pressupõe que se enfatizem momentos especiais. O Papa João Paulo II nos fala na Encíclica “Veritatis Splendor”, 107, que, “ao participar no sacrifício da Cruz, o cristão comunga do amor de doação de Cristo, ficando habilitado e comprometido a viver esta mesma caridade em todas as atitudes e comportamentos de vida”. Tendo a comunhão como aspecto principal, a celebração também é um movimento de massa, pois compactuamos os mesmos motivos que nos traz ao Templo. Com grande importância acontecem os rituais celebrativos, assim como tempo e hora marcados para esse encontro.
É muito importante compreender sobre aquilo que fazemos parte. Portanto, a Liturgia é um meio pelo qual nos fazemos atuantes. Por esta razão, é preciso conhecer o significado de cada momento e porque o fazemos. Numa celebração vivenciamos a simbologia de forma intensa. Todavia, se não compreendemos, perde-se o sentido de cumprir os movimentos dessa cerimônia religiosa. Portanto, lanço aqui um desafio: será que conhecemos de perto estes rituais? Gostaria que todos pensassem em tirar suas dúvidas, por menor que sejam. Pode ser a pergunta mias boba que queiramos fazer e procuraremos esclarecer. O nosso email estará sempre disponível àqueles que queiram conhecer e somar:[email protected]
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastora da Sobriedade da Diocese de Blumenau