Palavra: Jo 19, 25-27:
25. “A mãe de Jesus, a irmã da mãe Dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz.
26. Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava. Então disse à mãe: ‘Mulher, eis aí o seu filho.’
27. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí a sua mãe.’ E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa”.
Todos nós somos chamados ao serviço fraterno. A mãe de Jesus, que é também nossa mãe, mesmo na dor mantem-se fiel, assumindo não apenas seu papel de mãe, mas de seguidora dos princípios de amor do seu Filho. E mesmo vendo o Seu sofrimento, mesmo passando por todo aquele martírio, aquela humilhação, ela segue perseverante diante das promessas de Deus ao nos conceber o Salvador. Maria sabe a libertação não é apenas para o corpo, mas também para o espírito. Por isso ela se coloca à disposição da construção do Reino.
Ao seu lado, João que ajuda a suportar a dor dessa mãe, que acolhe e obedece às Palavras de um Filho que não abandona a sua mãe. João também representa o povo de Deus, que não descuida, que está atento aos ensinamentos, que vai se propondo a abandonar-se pelo outro. Quem aceita fazer a Caminhada não encontra só flores, mas sabe aonde quer ir e por isso o fardo se torna mais leve.
Quem passa pela flagelação da dependência química e do álcool na família precisa se apoiar em algo muito maior que possa reestruturar essa família novamente, pois aqueles que vivem essa problemática reconhecem que o vício adentra em casa e aos poucos vai dissolvendo a harmonia. Muitas vezes são consumidas pelos próprios pais que não veem nada demais em usar aquilo que lhe é permitido por lei. Porém, não reconhecem que os números de mortes causados pelas drogas lícitas ou legais como o álcool e o cigarro, matam muito mais que qualquer outra droga. Isso sem contar com as deficiências por acidente e as condições precárias de saúde que resultam do seu consumo.
Quando uma família procura auxílio afirmando que o usuário não quer parar, parece que não existe solução. Ao se buscar tratamento em Comunidades Terapêuticas esperam solucionar todos os problemas, mas na grande maioria há uma reincidência porque o tratamento não é continuado após o período de internação. Nem sempre a família se debruça sobre esta questão, pois muitos desconsideram a dependência como doença e passam a enxergar apenas o lado da “sem-vergonhice”, que também existe, mas que não é essa a condição que precisa ser levada em conta.
Isso quer dizer que a família também precisa se estruturar para auxiliar o seu dependente. No texto acima vemos que João jamais vai ter noção da dor que Maria sente, mas aceita caminhar ao seu lado. Essa nova relação dá continuidade à família, que não deve ser dissolvida, mas pelo contrário, deve ser priorizada e apresentada todas as dificuldades, todos os desafios, colocados nas mãos do Senhor, para que possamos lutar contra o mal da dependência.
Porque acreditamos que a sobriedade só acontece um pouco a cada dia é que nos lançamos neste desafio de lutar com o maior dos instrumentos, que é a Palavra de Deus. Acreditamos na família, acreditamos que é possível, acreditamos que a doença de dependência pode ser vencida. Acreditamos no amor que o Pai tem por nós e que supera qualquer dificuldade, e nos oferece inúmeras possibilidades para vencermos este desafio. Todavia, precisamos viver o papel de João que serviu ao Seu Senhor, e junto a Maria fez a sua caminhada de dedicação e perseverança.
O servir começa em casa abraçando a causa da superação. O apoio familiar é fundamental para a recuperação. Não é dando tudo o que se quer, muito menos se negando, mas buscando dar aquilo que é necessário para que o outro construa uma vida de dignidade. E se a gente não sabe ainda como fazê-lo, talvez esteja na hora de procurar um grupo de autoajuda e fazer uma verdadeira Caminhada de Vida Nova.
Ouça também o Programa de Rádio “Sobriedade em Cristo” que vai ao ar pela Rádio Arca da Aliança – AM 1260 (todas as segundas-feiras, as 12:30h)
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Malena Andrade e Silva – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Blumenau