O mais importante não é o que eu faço para Deus, mas o que Deus faz em mim quando faço alguma coisa em Seu nome.
Estamos vivenciando mais uma semana da nossa caminhada. Esta é a nona desde que iniciamos com o passo admitir. O que aprendemos com este passo? Será que realmente conseguimos olhar para nós e compreendemos que as mudanças estavam ao nosso alcance? Tivemos a oportunidade de rever as nossas próprias falhas e no passo confiar investimos na nossa credibilidade. Mas será que nos colocamos por inteiro nas mãos do Senhor? Acreditamos que Ele podia fazer a gente ser alguém diferente? Quisemos ser diferentes?
Para isso foi preciso viver o passo entregar. O que optamos entregar a Deus? As nossas dores? As nossas angústias? As nossas alegrias? As nossas ações ou os nossos pensamentos? Por onde começamos? Quando passamos algo para Deus, o que entregamos passou por uma mudança, passou pelo Seu amor e nos voltou transformado. Enxergamos a mesma coisa de duas maneiras a partir desse momento: como agíamos e como deveríamos agir. Entramos na fase do passo arrepender-se. Será que esta vivência nos causou alegria, ou tristeza? De qualquer forma, veio o tempo de testemunhar as nossas ações com o passo confessar. Tivemos coragem para verbalizar os erros diante de um sacerdote? A cada ano vivenciamos este passo três a quatro vezes. Tivemos tempo? Iniciativa?
O passo renascer foi uma vivência belíssima, se os passos anteriores foram vividos com intensidade. Conseguimos viver esta experiência? Ou será que ficamos pela metade do caminho? Dependendo de como passamos por este passo, os seguintes tiveram valores significativos para a nossa espiritualidade, pois o passo reparar nos exigiu atitudes concretas. A quem nos direcionamos? O que fizemos? O quanto reparamos?
Cada movimento que fizemos, cada ação que atribuímos em função do nosso novo pensar foi resultado do nosso esforço em mudar. Esse comportamento nos trouxe ao passo professar a fé, que foi marcado pela presença da espiritualidade. Mas, essa prática se manteve, ou custou muito exercitar a nossa espiritualidade? Por esta razão tivemos a necessidade de mergulhar no passo orar e vigiar, para que reconhecêssemos que as armadilhas nos tomavam de surpresa. Porém, até onde fomos vigilantes e até onde nos deixamos seduzir pelas ações que nos levou novamente aos vícios e pecados?
A importância de estarmos alertas dever passar pela oração, pela vigília e pelas atitudes. É no passo servir que vamos assegurar e concretizar mais um marco significativo da nossa caminhada. Sejamos todos bem vindos à reflexão deste momento que pretende esclarecer sobre o verdadeiro significado do nosso serviço.
Primeiro, é importante que saibamos sobre a significado de servir, a quem servir e como servir. Deus não precisa dos nossos serviços, mas mostra que os nossos talentos devem auxiliar os nossos irmãos. Devemos ter consciência que através do serviço, a salvação acontece na nossa vida. Conquistamos a oportunidade de ser instrumento da paz e do amor de Cristo. Pelo Seu mistério nos fazemos presente e tornamo-nos parte de Sua obra. Isso nos eleva a uma condição de filhos e filhas que se deixam conduzir por ações que engrandecem e amenizam as dificuldades do próximo.
Assim também é o serviço dentro da Igreja. Temos muitos ministérios e cada um deles tem a sua importância. É necessário que façamos a escolha certa para que não caiamos na tentação de sentirmo-nos privilegiados ou sabedores mais que os outros. Servir tem a ver com servidão, com servo e um servo apenas obedece ao seu senhor. Por esta razão, o mais importante não é o que eu faço para Deus, mas o que Deus faz em mim quando faço alguma coisa em Seu nome. Dessa forma Ele se manterá perto de nós. E essa proximidade ficará cada vez mais estreita se cuidarmos para que esses afazeres não se tornem rotina, não se tornem cansativos, não atropelem os outros, não sejam trazidos só para si.
Portanto, deve ficar claro que o serviço que Deus coloca à nossa frente será feito por nós ou por quem desejar se entregar a esta oportunidade. Ou seja, aquele que não se entrega na verdade perde a chance de ter o coração envolvido neste movimento de evangelização de si próprio. É no espaço que estamos dando para o outro que também nos abrimos a Deus e Ele em nós.
Agora, o grande e maior dos desafios é quando nos prestamos a trabalhar as nossas próprias dificuldades quando lidamos com o diferente pelo processo de humanização. Às vezes acontece de a gente passar por certos momentos da nossa vida em que dizemos: mas porque isso foi acontecer comigo? Logo dessa forma? Eu não vou conseguir suportar. Encarar os fatos deve ser a primeira atitude a tomar e não nos esquecer das orações pedindo ânimo para enfrentar. A segunda é avaliar o que estamos precisando aprender com esses enfrentamentos. Bom, só saberemos quando enfrentarmos.
Se avançamos, viveremos com sucesso o processo de aperfeiçoamento da condição humana. Se regredimos, perdemos o referencial de evangelização e cristianismo. Nessa tomada de atitude é importante validar a essência daquilo que é correto, pois situações de riscos acontecem todos os dias o dia todo, e ser saudável no espírito não é a mesma coisa de viver apenas de bons pensamentos, mas nos custa avaliar e optar pelas ações que nos elevam aos olhos de Deus.
Pedimos em nossas orações que o Pai nos dê conforto para as angústias, forças para superar os desafios, ânimo para suportar os dias difíceis e saúde para manter a nossa sobrevivência. Porém se somos confortados, se estamos cheios de ânimo e forças, se temos uma vida saudável na medida do possível, temos que fazer a nossa parte, temos que fazer o movimento que nos compete. Se pedimos nas orações é para que possamos fazer o investimento, não no nosso trabalho que vai garantir a nossa sobrevivência, mas também sedimentar na nossa família a prática cristã, oferecer-se à comunidade, colaborando naquilo que se sabe e principalmente amadurecer em nós uma maneira saudável de lidar com tudo isso sem perder o motivo que nos leva a ser verdadeiros cristãos.
Malena Andrede – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau