10º PASSO DA SOBRIEDADE: Senhor, servindo a exemplo de Maria, nossa mãe e mãe de todos, queremos gratuitamente fazer dos excluídos os nossos preferidos, através da pastoral da sobriedade.
Palavra: Lc 6, 31-36:
31. “O que vocês desejam que os outros lhes façam, também vocês devem fazer a eles.
32. Se vocês amam somente aqueles que os amam, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam.
33. Se vocês fazem o bem somente aos que lhe fazem o bem, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores fazem assim
34. E se vocês emprestam somente para aqueles de quem esperam receber, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia
35. Ao contrário, amem os inimigos, façam o bem e emprestem, sem esperar coisa alguma em troca. Então, a recompensa de vocês será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus.
36. Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”
Servir
SERVIR gratuitamente a Jesus na comunidade é servir ao irmão. Percebemos que a maioria das pessoas estão voltadas para os seus próprios problemas, que já os consideram grandes demais para se envolver com situações que não lhes são pertinentes ou que além de ajudar terminam por trazerem constrangimentos para si. Esse é o principal argumento daqueles que estão preocupados apenas com o seu umbigo. E mesmo aquele que se posiciona em não se envolver, seja qual for a questão, esta pessoa está definindo uma situação para a sua vida, pois em tudo há consequências, pelo fazer e pelo não fazer.
Enxergar o irmão com o olhar amoroso e misericordioso de Jesus vai além do olhar humano. Este olhar geralmente está ligado ao que nos rodeia, não se distancia muito além da visão, do parentesco, nem daqueles a quem queremos bem. O corrupto que prejudica a sociedade consegue ter esse olhar para com os seus. O traficante também é humano em sua favela. Todavia, a atenção de Jesus não se prende às aparências nem aos valores pessoais. Ele traz um olhar que não tem fronteiras consanguíneas ou atende a grupos com exclusividade.
A lógica de Deus não é a lógica dos homens, pois se amamos somente aqueles que nos amam não teremos recompensa nenhuma, levando em consideração que até aqueles que pecam, que prejudicam as pessoas protegem os seus. Isto porque vivem um amor deturpado e limitado, um amor que poderia literalmente ser chamado de qualquer outra palavra que significasse “benefícios que retornam para si”.
Ser cristão é fazer o diferente, inspirado no fazer de Jesus Cristo que nos ensina nesse Evangelho a amar os inimigos e pecadores, que nos ensina a compreender que estas são criaturas que precisam de oração, que precisam ser tocadas para que possam reconhecer o quanto mal estão fazendo. Sabemos que é difícil ter um olhar benévolo para as pessoas que não temos nenhum carinho, por aqueles que nos decepcionam, mas aquele que vive em sobriedade e que reflete cada passo da Caminhada de Vida Nova tem condições de compreender essa dimensão do serviço, da gratuidade.
Praticar este amor é um desafio que deve ser lançado a todos. Maria, mãe de Jesus, sempre foi fiel a este propósito, desde a concepção do seu filho. Enfrentou a ira de Herodes, suportou a flagelação de Jesus com muita dor, mas certamente em seu silêncio orou e intercedeu pela conversão de cada um deles a fim de que acreditassem no poder restaurador do Projeto do Pai. É na atitude de servir e de pedir de coração pela conversão deste que se encontra distante do amor de Deus que nós nos aproximamos da Pastoral da Sobriedade, seja como dependente, familiar, agente ou qualquer pessoa que se sentiu sensibilizado.
A bondade e a misericórdia, o amor do Pai é para todos. Se tivermos essa consciência, devemos então repartir essa sabedoria e convidar a conhecer, valorizar esse próximo, rezar para que se afastem daquilo que os tornam pessoas de má índole, e nos esforçar para sermos mais compreensivos, mais caridosos, mais atuantes dentro dessa problemática das drogas, que tanto requer a nossa atenção e cuidados.
Especialmente, esta semana nos convida a lançar um olhar diferente aos nossos inimigos. Compreendamos estes como os que nos incomodam no trabalho, os que nos impedem de alcançarmos os nossos desejos, os que difamam, os que distorcem, os que prejudicam o andamento da nossa vida, os que interrompem e comprometem os nossos afazeres, os que nos ofendem com palavras e atos, os que de uma maneira geral nos fazem infeliz. Nesse momento devemos estar dispostos a viver a nossa via crucis e superar com o perdão, para receber e sentir a renovação da Páscoa, representada pela Ressurreição de Jesus.
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau