14º Domingo Comum
1ª Leitura: Ez 2,2-5
Sl 122
2ª Leitura: 2Cor 12,7-10
Evangelho: Mc 6, 1-6
SANTO DE CASA…
Os antigos israelitas não gostam quando o profeta Ezequiel denuncia a infidelidade à Lei e à Aliança, infidelidade que provocou a catástrofe do exílio babilônico. Mas, gostem ou não, Ezequiel entrega o recado: “Saberão que há um profeta no meio deles” (1ª leitura). A lembrança dessa pregação constitui o pano de fundo para reler o que ocorreu a Jesus quando foi pregar na sua própria terra, Nazaré, depois de ter percorrido Cafarnaum e as outras cidades da Galiléia (evangelho). Os seus conterrâneos não aceitavam que esse jovem que conheceram morando no meio deles como operário braçal lhes pregasse a conversão para participarem do Reino de Deus. Alguém que é socialmente inferior dirigir-lhes a palavra, com autoridade, onde é que se viu?!
O evangelho nos conta ainda que, depois da ciumenta rejeição, Jesus não pôde fazer lá muitos milagres. “Santo de casa….”. Deus não lhe permitiu mais do que isso, pois os milagres são obras de Deus. A limitação dos milagres era um aviso de Deus para evidenciar a incredulidade. Só uns milagrinhos, umas curas de doentes… mas não deixava de ser um sinal deixado pelo profeta.
O que ocorreu a Jesus em Nazaré prefigura a rejeição que ele experimentará, poucos meses depois, em Jerusalém. Ali, não apenas recusarão sua palavra, mas o pregarão na cruz. Como ficaria uma visita de Jesus a nós, católicos hoje? Encontraria ouvido? Muitos seguidores conheceram a mesma sorte que Jesus. Pessoas simples, profetas que surgiram levantaram a voz no nosso meio. Foram mortos por denunciarem as desigualdades, as injustiças sociais, a violência no campo e na cidade. Eram considerados pouco importantes, não tinham poder, mas sua palavra tem. Sua voz não se cala, mesmo que estejam mortos. Porque a voz da justiça e da fraternidade é a voz de Deus.
Ao profeta não importam posição social ou eloquência (Jr. 1,6). Na 2ª leitura encontramos o currículo de Paulo: não exibe muitos diplomas. Gloria-se em sua fraqueza, pois nela é Deus quem age. Ele só quer anunciar o evangelho do Cristo crucificado e pede que suportemos essa sua loucura. Poder e eloquência não importam. Importa que o profeta é enviado por Deus. Talvez ele seja um simples operário, pouco refinado e muito chato, porque sempre insiste na mesma coisa. Talvez não faça milagres vistosos, talvez só levante o ânimo de umas poucas pessoas simples. Talvez seja crucificado, figurativamente, pelos que gostam de se mostrar muito religiosos. Mas o que ele fala é palavra de Deus.
Jesus não fez milagres em Nazaré, porque não acreditaram nele… Só a fé dá condições para que os milagres aconteçam… – Hoje, afirma-se que “Santo de casa não faz milagre”. Por que será? A culpa é dele ou nossa?
– Conhecemos pessoas, ignoradas ou rejeitadas na própria Comunidade, que fazem grande sucesso lá fora? Por que será?
Nós também podemos nos sentir na mesma situação: O testemunho, que Deus nos chama a dar, realiza-se, muitas vezes, no meio de incompreensões e oposições… Frequentemente nos sentimos desanimados e frustrados porque não somos entendidos, nem acolhidos. Temos a sensação de que estamos perdendo tempo… Jesus nos convida a nunca desanimar, nem desistir: Ele sabe como transformar um fracasso num êxito.
Qual a nossa atitude?
Nós continuamos a ser a “Voz” de Deus na comunidade, na família, mesmo diante das contrariedades e adversidades? Valorizamos as pessoas que atuam com dedicação em nossa comunidade, acolhendo-as como a “Voz” de Deus?
Façamos nossa profissão de fé, não apenas em Deus, mas também nas pessoas com quem convivemos… E veremos, que os santos de casa também farão milagres…
Fonte: Site Diocese de Rio do Sul