Nestes dias, Da. Nica e seu Gregório foram visitar um casal de vizinhos, velhinhos e queridos. Entre as conversas daqui para lá e de lá para cá, os vizinhos quiseram mostra-lhes um viçoso pé de abóbora no seu quintal. Já havia abobrinhas de certo porte. Mas as sementes haviam sido colhidas de uma espécie não muito grande. E prontamente veio a promessa: “quando estiverem maduras, uma dessas é de vocês, podem vir buscá-la”.
Passaram-se os dias. Numa manhã, Da. Nica encontra seu vizinho e amigo na rua e recebe o recado: “Comadre, a abóbora está madura”. Ela não teve dúvidas: virou a volta e foi buscar a cucurbitácea.
Chegando ao quintal, achegou-se também a comadre; e viram que a abóbora era enorme. E a distância para carregá-la assustava um pouco: mais ou menos mil metros. Mas Da. Nica não esmoreceu: “me ajudem a colocá-la nas costas”. E veio embora com a abóbora que pesa mais ou menos uns quinze quilos. Mais adiante teve que trocar de ombro, porque seus 80 anos faziam pesar ainda mais aquela carga.
Em frente ao posto, já próximo de casa, recebe uma proposta dos frentistas. Vendo a inusitada cena e quase ouvindo a respiração ofegante da valente mulher, fazem-lhe sinal de repartir a grande abóbora. Meio encurvada, mas ela não teve dúvidas: respondeu com decidido sinal negativo! Tiveram que se contentar em continuar a apreciar o fato. Pena que não havia fotógrafo algum por aquelas redondezas!
Enfim, na cozinha da casa de Seu Gregório e Da. Nica, lá está a admirável cucurbitácea, acabando de amadurecer para ser transformada pelas habilidades da experiente cozinheira. E, claro, sem esquecer dos pedaços qua vão para lá e para cá, e ainda, sem esquecer dos filhos!