No dia 04 de agosto de 2024, domingo, realizou-se em Blumenau, no Ginásio de Esportes Sebastião Cruz, popularmente conhecido como Galegão, o inesquecível Festival Despertai. Organizado e animado pela Pastoral Vocacional da Diocese de Blumenau, calcula-se que em torno de três mil e duzentas pessoas, procedentes de quase todas as respectivas paróquias, participaram do grande evento. Dessa verdadeira multidão, foi justo motivo de louvor a Deus o fato da participação de grande maioria jovem, mais de setenta por cento. Não que adultos, idosos, famílias carecessem de importância. Surpreendia igualmente essas faixas da população, pois o perfil da divulgação priorizava o convite para a juventude. Por outro lado, reunida, toda essa gente manifestava disposição juvenil nas diversas atividades próprias do grande encontro.
O objetivo principal do Festival foi celebrar a dimensão vocacional de todas as pessoas. Pois ser humano algum está no mundo por acaso. Afirma o apóstolo Paulo: “Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e íntegros diante dEle no amor” (Ef 1,4). Essa consciência da eleição e vocação divinas desde a eternidade torna a todos comprometidos com o mesmo Deus que se revelou plenamente em seu Filho Jesus Cristo. Com ele, o Bom Pastor, somos chamados a ter vida em abundância e a levar essa vida aos nossos irmãos e irmãs. E mais: não existe vivente no mundo que não esteja irmanado nesse compromisso. Mesmo os seres inanimados, flora, fauna, minérios, água, ar, elementos químicos, tudo está a serviço da vida, especialmente da vida humana. Que essa dimensão vocacional penetre toda a criação é inquestionável. E que ela configura a existência de cada ser, conforme a sua natureza, é evidente. Porém, de forma muito mais elevada, o ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus, deve assumir o chamado do Criador.
Nesse sentido, agosto, o mês vocacional, no âmbito da Igreja, é tempo de graças e bênçãos às vocações dos batizados. O Festival, assim, contemplou as vocações celebradas nesse mesmo mês, isto é, no primeiro final de semana, a vocação sacerdotal; no segundo, a vocação matrimonial; no terceiro, a vocação religiosa e no quarto, a vocação leiga. Não se omite a vocação do catequista. Quando o mês de agosto tem cinco domingos, contempla-se muito justamente o domingo do catequista. Tendo quatro domingos, no quarto insere-se igualmente o mesmo e importante vocacionado.
“Desperta, tu que dormes” (Ef 5,4), essa palavra de Deus, em forma de músicas, cantos, coreografias, reflexões, testemunhos, orações, santa missa, soou aos ouvidos e ao coração das mais de três mil pessoas presentes no Galegão. Era o lema do dia. Muito utilizado pelos padres da Igreja, esse lema conclama todos os filhos e filhas de Deus a estarem sempre vigilantes diante do chamado divino, especialmente diante do último chamado, quando terminamos o tempo da penitência, da conversão e da missão neste mundo.
Iniciado às 8h daquele dia do Senhor, a programação não teve pausa. Cada minuto foi animado com excelente criatividade
e participação. Havia uma praça de alimentação e recomendava-se que sentindo fome, cada pessoa podia dirigir-se para aquele ambiente onde encontrava diversas opções de comida e bebida. Cantores, palestristas, animadores, convidados de outros lugares, comunidades, movimentos, revezavam-se movimentando a grande plateia. O ponto alto do dia foi a santa missa presidida por Dom Rafael Biernaski, bispo Diocesano de Blumenau. Aliás Dom Rafael esteve presente durante todo o evento, prestigiando o empenho de todos, animadores, servidores e o povo reunido.
Ouvia-se dos presentes ao evento muitas manifestações de alegria pela realização da iniciativa. Na verdade, temos necessidade de grandes encontros como este. Sair da nossa pequena ou não tão pequena comunidade para formarmos multidão talvez seja algo instintivo em nosso humano ser. A bíblia fala bastante de multidões. Jesus atraía multidões, mesmo que, mais do que ninguém, soubesse das ilusões evangelizadoras por elas escondidas.
Mas o Festival Despertai, aos poucos, está evidenciando frutos que permanecem. Sabe-se, por exemplo, de grupos de jovens que nasceram ou renasceram após essa verdadeira injeção de entusiasmo daquele domingo. Casais em processo de separação voltaram a unir-se. E, enfim, somente Deus é quem sabe de todos os bons frutos trazidos pelo evento. E, não é verdade que a colheita não nos pertence, pois nossa missão é semear?
Não é demais insistir no pedido do próprio Jesus: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9, 37-38).
Manda-nos, Deus amado, mais sacerdotes, mais famílias santificadas, mas religiosas e religiosos, mas leigos atuantes, mais catequistas! Desperta, Senhor, multidões de seres humanos para, com abertura de coração e sincera obediência ao teu chamado, edificarem teu Reino de paz, justiça e amor! Tudo isso, misericordioso, uno e trino Deus, para a tua glória e o bem da Igreja e da humanidade! Amém!
Texto: Pe. Raul Kestring